COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS CARDIODINÂMICAS DURANTE TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS COM PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA NAS VIAS AÉREAS EM PACIENTES COM DPOC
Resumo
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) caracteriza-se por alterações pulmonares e sistêmicas que podem levar a prejuízos cardiodinâmicos, funcionais e pior qualidade de vida. Visto isto, o teste de caminhada de seis minutos (TC6m) vem sendo utilizado como complemento na avaliação destes pacientes, onde associado à Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) tem-se mostrado eficaz na redução da fadiga muscular, forçando a abertura das vias aéreas superiores e tornando os pulmões mais ventilados. O objetivo deste estudo foi analisar o comportamento das variáveis cardiodinâmicas durante o TC6m com uso de CPAP portátil em paciente com DPOC. A metodologia foi transversal, com amostragem de conveniência que avaliou pacientes com DPOC do programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz – RS. Avaliou-se variáveis clínicas (sexo, idade, função pulmonar e força muscular respiratória) e durante o TC6m com CPAP (7cmH2O) avaliou-se as variáveis cardiodinâmicas [saturação periférica de oxigênio (SpO2), frequência cardíaca (FC), BORG-esforço (BORG-e), BORG-dispneia (BORG-d), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD)]. Coletou-se as mesmas no repouso (rep) (5 minutos), durante o TC6m (pico) e recuperação pós teste (após descartar-se o 1º minuto) (rec). Adicionalmente, calculou-se o delta de variação da FC recuperada (FCRec) com a subtração da FC recuperada pela FC no TC6m, sendo considerado um FCRec menor que 14 batimentos por min (bpm) pior o prognóstico da doença. Foi utilizado análise de variância com post hoc de tukey, nível de significância p=0,05. Foram avaliados doze pacientes (sexo masculino n=9, 66,9±8,3 anos, IMC 27,6±7 Kg/m2) classificados com estadiamento de DPOC entre moderado e muito severo (VEF1 1,3±0,5 l/s; 47,40±18,5 %predito) e fraqueza muscular inspiratória (PImáx 55,8±23,3 cmH2O; 58,7±22 %predito) presente em 75% dos pacientes. A distância percorrida no TC6m foi 386,2±55,9 m (79,1±13 %predito). Durante o TC6m com CPAP verificou-se aumento significativo no pico do exercício da FC (rep= 77±10,3 vs pico= 99,5±10,7 bpm, p=<0,001) e da PAS (rep= 120,8±16,2 vs pico= 141,6±16,4 mmHg, p=0,007), e redução da SpO2 (rep= 96,8±1,5 vs pico= 93,1±3,0%, p=0,003) quando comparado ao repouso. Na recuperação, PAS e SpO2 reduziram sem significância e a FC de recuperação decaiu significativamente após um minuto de teste para o pico do TC6m (pico=99,5±10,7 vs rec 87,5±12,2 bpm, p=0,033) e o FCRec foi 12 (2-23) bpm, classificando 4 dos pacientes DPOC com baixo risco cardiovascular de mortalidade. PAD, BORG-e e BORG-d não diferiram significativamente entre os tempos analisados. Os resultados preliminares revelam que as variáveis cardiodinâmicas durante TC6m com CPAP em pacientes com DPOC apresentam comportamento adequado da FC, PAS e PAD, exceto para a SpO2 a qual esperávamos um comportamento estável e não uma redução significativamente. Entretanto, nosso número amostral não é suficiente para generalização dos resultados.
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