COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS CARDIODINÂMICAS DURANTE TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS COM PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA NAS VIAS AÉREAS EM PACIENTES COM DPOC

Darion Ferreira, Paloma de Borba Schneiders, Elisabete Antunes San Martin, Lisiane Lisboa Carvalho, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) caracteriza-se por alterações pulmonares e sistêmicas que podem levar a prejuízos cardiodinâmicos, funcionais e pior qualidade de vida. Visto isto, o teste de caminhada de seis minutos (TC6m) vem sendo utilizado como complemento na avaliação destes pacientes, onde associado à Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) tem-se mostrado eficaz na redução da fadiga muscular, forçando a abertura das vias aéreas superiores e tornando os pulmões mais ventilados. O objetivo deste estudo foi analisar o comportamento das variáveis cardiodinâmicas durante o TC6m com uso de CPAP portátil em paciente com DPOC. A metodologia foi transversal, com amostragem de conveniência que avaliou pacientes com DPOC do programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz – RS. Avaliou-se variáveis clínicas (sexo, idade, função pulmonar e força muscular respiratória) e durante o TC6m com CPAP (7cmH2O) avaliou-se as variáveis cardiodinâmicas [saturação periférica de oxigênio (SpO2), frequência cardíaca (FC), BORG-esforço (BORG-e), BORG-dispneia (BORG-d), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD)]. Coletou-se as mesmas no repouso (rep) (5 minutos), durante o TC6m (pico) e recuperação pós teste (após descartar-se o 1º minuto) (rec). Adicionalmente, calculou-se o delta de variação da FC recuperada (FCRec) com a subtração da FC recuperada pela FC no TC6m, sendo considerado um FCRec menor que 14 batimentos por min (bpm) pior o prognóstico da doença. Foi utilizado análise de variância com post hoc de tukey, nível de significância p=0,05. Foram avaliados doze pacientes (sexo masculino n=9, 66,9±8,3 anos, IMC 27,6±7 Kg/m2) classificados com estadiamento de DPOC entre moderado e muito severo (VEF1 1,3±0,5 l/s; 47,40±18,5 %predito) e fraqueza muscular inspiratória (PImáx 55,8±23,3 cmH2O; 58,7±22 %predito) presente em 75% dos pacientes. A distância percorrida no TC6m foi 386,2±55,9 m (79,1±13 %predito). Durante o TC6m com CPAP verificou-se aumento significativo no pico do exercício da FC (rep= 77±10,3 vs pico= 99,5±10,7 bpm, p=<0,001) e da PAS (rep= 120,8±16,2 vs pico= 141,6±16,4 mmHg, p=0,007), e redução da SpO2 (rep= 96,8±1,5 vs pico= 93,1±3,0%, p=0,003) quando comparado ao repouso. Na recuperação, PAS e SpO2 reduziram sem significância e a FC de recuperação decaiu significativamente após um minuto de teste para o pico do TC6m (pico=99,5±10,7 vs rec 87,5±12,2 bpm, p=0,033) e o FCRec foi 12 (2-23) bpm, classificando 4 dos pacientes DPOC com baixo risco cardiovascular de mortalidade. PAD, BORG-e e BORG-d não diferiram significativamente entre os tempos analisados. Os resultados preliminares revelam que as variáveis cardiodinâmicas durante TC6m com CPAP em pacientes com DPOC apresentam comportamento adequado da FC, PAS e PAD, exceto para a SpO2 a qual esperávamos um comportamento estável e não uma redução significativamente. Entretanto, nosso número amostral não é suficiente para generalização dos resultados.


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