RELAÇÃO DA QUALIDADE DO SONO E SONOLÊNCIA DIURNA COM A QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
Resumo
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) provoca episódios repetidos de hipoxemia intermitente com efeitos pulmonares e sistêmicos, que podem levar a alterações fisiológicas associadas com o sono e desencadear alguns sintomas noturnos como tosse, dispneia, reduzida saturação de oxigênio, levando a uma pior qualidade do sono e prejudicada qualidade de vida (QV). Objetivou-se avaliar a relação entre a qualidade do sono, sonolência diurna excessiva (SDE) e qualidade de vida em pacientes com DPOC. O estudo ocorreu com metodologia transversal, composto por pacientes com DPOC de um Programa de Reabilitação Pulmonar. Variáveis analisadas: clínicas e antropométricas,qualidade do sono, SDE e QV. A qualidade do sono foi avaliada pelo questionário Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) que avalia a qualidade e perturbações do sono durante o período de um mês através de 19 questões em auto relato e cinco direcionadas ao cônjuge ou acompanhante de quarto. São categorizadas em sete componentes, graduados em escores de zero (nenhuma dificuldade) a três (dificuldade grave), onde um escore final maior que cinco indica que o indivíduo está apresentando grandes disfunções durante o sono. Utilizou-se a Escala de Sonolência de Epworth (ESE) para avaliar a presença de SDE, que se trata de um questionário autoaplicável que avalia a probabilidade de adormecer em oito situações diferentes envolvendo atividades diárias, com escore global que varia de 0-24 pontos, classificando como SDE acima de 10 pontos. A QV foi obtida através do Questionário Respiratório do Hospital Saint George (SGRQ) específico para a DPOC, composto por 76 itens e se divide em 03 domínios (total, sintomas, atividades e impacto da doença). Para cada domínio, os itens são codificados e transformados em escala de zero (melhor QV) a 100 pontos (pior QV). Para verificar a relação entre as variáveis utilizou-se o de correlação de Spearman, com nível de significância p=0,05. Dez sujeitos (sexo masculino n=8, 67,9±8,2 anos, índice de massa corporal 27±6,2Kg/m2) foram avaliados e classificados com estadiamento de DPOC moderado a muito severo (VEF11,3±0,5l/s; 47±19,3%predito), sendo 80% com fraqueza muscular inspiratória (PImáx52,4±18,6; 54,5±17,7%predito). A PSQI foi de 4,1±1 pontos classificando 70% dos pacientes com boa qualidade do sono e a ESE 7,1±3,5 pontos correspondendo a 30% dos sujeitos com SDE. Na QV total obteve-se escore 50,1 (9,8 – 85,6) pontos e nos domínios da QV os escores obtidos foram: sintomas 64,1 (17,5 – 81,2); atividades 74,0 (5,9 – 93,4); impacto 34,7 (3,5 – 84,7) pontos. Encontramos correlações positivas entre a ESE e componente sintomas (p=0,018; r=0,722) e atividades (p=0,029; r=0,685) da QV. O PSQI correlacionou-se positivamente com a QVtotal (p=0,004; r=0,812) e os domínios sintomas (p=0,007; r=0,787), atividades (p=0,004; r=0,812) e impacto da doença (p= 0,054; r=0,623). Os dados preliminares revelam que apesar dos pacientes com DPOC apresentarem em sua maioria boa qualidade de sono e pouca SDE, estas interferem na qualidade de vida dos mesmos, especialmente no que tange a sintomatologia e atividades que associou-se tanto a SDE quanto a qualidade do sono.
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