RELAÇÃO DA QUALIDADE DO SONO E SONOLÊNCIA DIURNA COM A QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Elisabete Antunes San Martin, Paloma de Borba Schneiders, Kamila Mohammad Kamal Mansour, Renata Trimer, Tânia Cristina Malezan Fleig, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) provoca episódios repetidos de hipoxemia intermitente com efeitos pulmonares e sistêmicos, que podem levar a alterações fisiológicas associadas com o sono e desencadear alguns sintomas noturnos como tosse, dispneia, reduzida saturação de oxigênio, levando a uma pior qualidade do sono e prejudicada qualidade de vida (QV). Objetivou-se avaliar a relação entre a qualidade do sono, sonolência diurna excessiva (SDE) e qualidade de vida em pacientes com DPOC. O estudo ocorreu com metodologia transversal, composto por pacientes com DPOC de um Programa de Reabilitação Pulmonar. Variáveis analisadas: clínicas e antropométricas,qualidade do sono, SDE e QV. A qualidade do sono foi avaliada pelo questionário Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) que avalia a qualidade e perturbações do sono durante o período de um mês através de 19 questões em auto relato e cinco direcionadas ao cônjuge ou acompanhante de quarto. São categorizadas em sete componentes, graduados em escores de zero (nenhuma dificuldade) a três (dificuldade grave), onde um escore final maior que cinco indica que o indivíduo está apresentando grandes disfunções durante o sono. Utilizou-se a Escala de Sonolência de Epworth (ESE) para avaliar a presença de SDE, que se trata de um questionário autoaplicável que avalia a probabilidade de adormecer em oito situações diferentes envolvendo atividades diárias, com escore global que varia de 0-24 pontos, classificando como SDE acima de 10 pontos. A QV foi obtida através do Questionário Respiratório do Hospital Saint George (SGRQ) específico para a DPOC, composto por 76 itens e se divide em 03 domínios (total, sintomas, atividades e impacto da doença). Para cada domínio, os itens são codificados e transformados em escala de zero (melhor QV) a 100 pontos (pior QV). Para verificar a relação entre as variáveis utilizou-se o de correlação de Spearman, com nível de significância p=0,05Dez sujeitos (sexo masculino n=8, 67,9±8,2 anos, índice de massa corporal 27±6,2Kg/m2) foram avaliados e classificados com estadiamento de DPOC moderado a muito severo (VEF11,3±0,5l/s; 47±19,3%predito), sendo 80% com fraqueza muscular inspiratória (PImáx52,4±18,6; 54,5±17,7%predito). A PSQI foi de 4,1±1 pontos classificando 70% dos pacientes com boa qualidade do sono e a ESE 7,1±3,5 pontos correspondendo a 30% dos sujeitos com SDE. Na QV total obteve-se escore 50,1 (9,8 – 85,6) pontos e nos domínios da QV os escores obtidos foram:  sintomas 64,1 (17,5 – 81,2); atividades 74,0 (5,9 – 93,4); impacto 34,7 (3,5 – 84,7) pontos. Encontramos correlações positivas entre a ESE e componente sintomas (p=0,018; r=0,722) e atividades (p=0,029; r=0,685) da QV. O PSQI correlacionou-se positivamente com a QVtotal (p=0,004; r=0,812) e os domínios sintomas (p=0,007; r=0,787), atividades (p=0,004; r=0,812) e impacto da doença (p= 0,054; r=0,623). Os dados preliminares revelam que apesar dos pacientes com DPOC apresentarem em sua maioria boa qualidade de sono e pouca SDE, estas interferem na qualidade de vida dos mesmos, especialmente no que tange a sintomatologia e atividades que associou-se tanto a SDE quanto a qualidade do sono.

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