O atendimento odontológico nos primeiros anos de vida pode ser considerado uma estratégia importante na diminuição de implicações relacionadas às doenças bucais de maior prevalência e nos custos de tratamento. Apesar de ser um direito de todo cidadão brasileiro ter acesso aos serviços odontológicos, o uso deste ainda depende de fatores como a idade, a condição social e conhecimento dos pais ou responsáveis sobre ações preventivas. O objetivo deste estudo foi avaliar se as crianças já haviam feito visitas ao cirurgião-dentista e relacionar com o tipo de serviço utilizado, se público ou privado. A pesquisa foi realizada através de um estudo transversal abrangendo questões relacionadas à saúde bucal de crianças na faixa etária entre 1 e 5 anos, durante o dia D da mobilização da Campanha Nacional de Multivacinação de 2016, no município de Santa Cruz do Sul-RS. Os dados foram coletados em onze pontos de vacinação, por equipes formadas por examinadores previamente calibrados, anotadores e profissionais do posto de saúde, de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde. Os pontos de coleta foram escolhidos por serem os que vacinaram mais crianças nas campanhas de vacinação anteriores, contemplando diferentes áreas e realidades socioeconômicas do município. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC e todos os responsáveis assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para observar o uso de serviço pelas crianças foi utilizado um questionário estruturado e aplicado aos pais/responsáveis, com as questões “A criança já foi ao dentista? (sim ou não)” e “Tipo de serviço que você levou seu filho na última consulta (consultório particular, serviço público, plano de saúde/convênios)”. Participaram da pesquisa 402 crianças, sendo que duas foram excluídas, pois seus pais ou responsáveis não responderam alguma questão. Das 400 crianças que responderam, 163 (40,75%) nunca foram ao cirurgião-dentista. Das 237 (59,25%) que foram, 124 (52,32%) relataram uso de serviço público, 62 (26,16%) uso de serviços particulares e 51 (21,51%) consultaram através de planos de saúde/convênios. Constatou-se que a utilização de serviços odontológicos particulares, convênios ou plano de saúde por 113 crianças (47,67%) é pouco inferior ao uso de serviço público. Considerando que a idade preconizada para a primeira consulta odontológica é durante o primeiro ano de vida, pode-se dizer que o uso de serviço odontológico foi baixo. Esses resultados reforçam a necessidade de estabelecer políticas públicas de promoção e educação em saúde, para estimular a utilização dos serviços odontológicos em idade precoce, possibilitando orientações e acompanhamento adequado, com possíveis repercussões na redução das iniquidades em saúde bucal.