AVALIAÇÃO SENSORIAL DE EMULSÃO CONTENDO ÓLEO DE ABACATE COMO ADJUVANTE NO TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES EPITELIAIS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS
Resumo
O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, ultrapassando as doenças cardiovasculares e com perspectiva de crescimento nos próximos vinte anos. Devido à complexidade de seu tratamento, esta doença já é considerada uma condição crônica, que requer meses ou até anos de tratamento com terapias complexas e tóxicas, causando severos efeitos adversos e comprometendo a autoestima do paciente. A pele é o primeiro tecido a manifestar esses efeitos adversos, acometendo aproximadamente 95% dos pacientes em tratamento. Isto ocorre porque nos tecidos cutâneos a taxa de renovação celular é elevada, tornando a pele um órgão potencialmente vulnerável à ação citostática e citotóxica dos quimioterápicos. Dentre as alterações cutâneas, pode-se citar a desidratação, descamação, fissuras, vermelhidão e ocasionalmente, sangramentos. O óleo de abacate (Persea americana Miller) é muito utilizado pelas indústrias farmacêuticas e de cosméticos, por suas características físicas e químicas, uma vez que faz parte de sua composição, em elevadas quantidades, a fração insaponificável que é responsável por propriedades regenerativas da epiderme. Esse trabalho teve como objetivo desenvolver emulsões do tipo óleo em água (O/A) com diferentes concentrações de óleo de abacate, voltadas para pele de pacientes oncológicos e avaliar suas características de estabilidade, microbiológicas e sensoriais. Foram desenvolvidas duas emulsões contendo 10% (F1) e 15% (F2) de óleo de abacate. As formulações foram submetidas a condições de estresse (centrifugação, aquecimento em estufa e ciclo gela-degela) para verificar sinais de instabilidade, avaliação do pH e microbiológica (contagem de bolores, leveduras e bactérias aeróbicas), conforme preconizado pela farmacopeia para produtos cosmecêuticos. Também foi realizada análise sensorial das formulações em pacientes oncológicos, a fim de avaliar os atributos espalhabilidade, oleosidade, pegajosidade, formação de filme na pele e aceitabilidade. Inicialmente as formulações apresentaram-se homogêneas, de coloração esverdeada e odor característico do óleo de abacate, com média de pH 5,5. Durante o teste de estabilidade preliminar, ambas formulações se mostraram estáveis, sem apresentar alterações em suas características organolépticas e de pH (5,45 a 5,53). Na análise microbiológica, as formulações atenderam as especificações farmacopeicas. A avaliação sensorial demonstrou que a F2 apresentou maior pontuação nos atributos oleosidade, pegajosidade e formação de filme, enquanto que a F1 apresentou melhor desempenho no atributo espalhabilidade. Com referência à aceitabilidade, os voluntários escolheram a F1 (60%). O critério espalhabilidade foi o que definiu a aceitação da F1 em relação a F2 pelos pacientes oncológicos. Ambas formulações foram consideradas aprovadas em todos os testes realizados, sendo que a F1 foi a escolhida pelos pacientes oncológicos. Pretende-se apresentar o produto desenvolvido para empresas que tenham o interesse em desenvolver produtos naturais que utilizam matérias-primas de origem vegetal e que sejam voltados para pacientes oncológicos, para que possam se beneficiar das propriedades emolientes e nutritivas do óleo de abacate.
Apontamentos
- Não há apontamentos.