O HOMEM IDOSO TRABALHADOR RURAL DE SANTA CRUZ DO SUL
Resumo
Vivemos um processo de envelhecimento populacional, e em razão da heterogeneidade do território brasileiro, é necessário conhecer o envelhecimento também no meio rural, tendo em vista que a velhice neste contexto apresenta especificidades e que este é um tema ainda pouco explorado (ALCÂNTARA, 2016). Este trabalho se propõe a investigar o homem idoso trabalhador rural. Estudos realizados têm apontado relação entre a modernização da agricultura e o aumento da população masculina rural. Em relação ao processo de envelhecimento, também entre os idosos, tem se observado este fenômeno. Tal situação pode ser explicada pelo fato de que é comum as mulheres migrarem para os centros urbanos junto com seus parentes, enquanto os homens permanecem trabalhando no campo, a fim de complementar a renda familiar (FERRAZ et al., 2018). Com vistas a conhecer como vivem os idosos residentes nas áreas rurais do município, a UNISC vem desenvolvendo a pesquisa “Estudo socioeconômico e demográfico da população idosa no meio rural do município de Santa Cruz do Sul”. A pesquisa configura-se como um estudo descritivo do tipo exploratório. Foram utilizados dados secundários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) e dados primários coletados nos distritos rurais do município. Foram aplicados 232 questionários em pessoas com mais de 60 anos, de ambos sexos. Embora aposentados, muitos buscam nas atividades agrícolas o complemento de renda necessário para uma vida digna. Especialmente os homens, são fortemente influenciados pela tradição, bem como àquilo que representa o masculino neste espaço, tendendo a trabalhar na roça até idades avançadas. O trabalho se apresenta para estes sujeitos também enquanto identidade, e a impossibilidade de executá-lo acarreta no rompimento com os sentimentos de inserção, pertencimento e integração ao meio social (BURILLE; GERHARDT, 2014). A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera que a atividade laboral na agricultura é significativamente mais perigosa que outras atividades. O declínio físico e os demais aspectos inerentes ao envelhecimento, o difícil acesso à saúde no meio rural, bem como a baixa escolaridade e renda, associadas à periculosidade e à insalubridade presentes no trabalho rural, faz dos homens idosos trabalhadores rurais, uma população vulnerável (FERRAZ et al., 2018). O distanciamento dos serviços de saúde é amenizado pela presença das Estratégias de Saúde da Família (ESF) nos distritos. Destaca-se que a amostra desta pesquisa foi buscada junto aos ESF´s e 28,9% dos entrevistados são do sexo masculino. É importante compreender as singularidades referentes ao masculino no campo e as relações entre homens, trabalho e saúde, a fim de que sejam pensadas estratégias que aproximem estes sujeitos dos serviços de saúde, considerando que se trata de uma população vulnerável e que necessita de especial atenção por parte do poder público. Deve ser trabalhada uma atenção humanizada, tornando acessível a saúde, os cuidados cotidianos e a prevenção. A partir do melhor conhecimento sobre esta população é possível traçar políticas públicas, planejamentos e estratégias para melhor atendê-los.
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