INTERLOCUÇÕES ACERCA DA DROGA E DA DROGADIÇÃO NO TERRITÓRIO: A POSSIBILIDADE DO CUIDADO EM REDE.

Marcia de Bastos Braatz, Rayssa Madalena Feldmann, Taís Morgana dos Santos, Natália Sulzbach, Carina Ferreira dos Santos, Edna Linhares Garcia

Resumo


O fenômeno da droga e da drogadição perpassa um processo histórico-cultural, assumindo diversas faces e sendo compreendidos de diversas formas, nos mais distintos contextos. Na contemporaneidade o uso excessivo de drogas é compreendido como um grave problema de saúde pública e de ordem social. Nesse cenário o consumo por adolescentes ganha destaque, uma vez que diversos estudos apontam para o elevado índice de uso de drogas ilícitas e lícitas, tais como o álcool e medicações. Este estudo é oriundo da pesquisa intitulada “Narrativas de adolescentes sobre drogas e os Serviços de Saúde Mental CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul”, cujo objetivo é compreender o lugar que a droga ocupa na constituição subjetiva dos adolescentes. Nesse sentido se faz necessário um espaço de escuta e intervenção acerca das demandas territoriais sobre as drogas. Em parceria com o Programa Saúde na Escola – PSE, esta pesquisa busca articular as narrativas dos adolescentes, as percepções das instituições escolares e as demandas territoriais das Estratégias de Saúde da Família-ESF sobre a temática. Este escrito refere-se a um recorte da pesquisa que engloba a percepção e trabalho de 6 profissionais da equipe de saúde, responsáveis pelas ESFs que correspondem às escolas incluídas na pesquisa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, seguindo um roteiro com questões referentes à droga no território, demandas identificadas e estratégias de enfrentamento. Estas foram áudiogravadas, transcritas e analisadas em conformidade com a metodologia proposta por Mary Jane Spink de análise da produção de sentidos. A partir da análise das narrativas denota-se a importância de compreender a pluralidade de sentidos atribuídos a droga e a drogadição nos mais distintos territórios que compõem este município, sob risco das práticas de enfrentamento se tornarem obsoletas e ineficazes frente a essa realidade. As escolas e os serviços de saúde configuram-se como importantes agentes de proteção e sinalização de demandas para o PSE, este por sua vez, é um canal de comunicação entre essas duas instituições. No que se refere as estratégias de enfrentamento, as ações como palestras e atividades preventivas no âmbito escolar são premissas em relação ao trabalho realizado pelas escolas, assim como pelo PSE. No que diz respeito ao fenômeno da droga nos territórios a percepção dos profissionais se modifica conforme a localização geográfica. Nas regiões urbanizadas o uso de drogas ilícitas desponta como uso principal. Para as regiões rurais a principal demanda refere-se ao abuso de álcool por adolescentes. Este fenômeno, neste contexto, assume uma característica cultural, que se refere à naturalização do consumo de álcool e os rituais sociais que envolvem seu uso. Neste sentido, as ações de prevenção ultrapassam os muros escolares e assumem o papel de conscientização da comunidade e dos comerciantes locais. Até o momento, pudemos concluir o quão importante é a interlocução entre escola, PSE e ESF, não apenas para o enfrentamento ao consumo de drogas, mas também para a compreensão dos reais sentidos atribuídos ao uso de drogas pelos adolescentes, visto que estes profissionais compõem a rede de saúde e educação que atravessam o cotidiano e a realidade do território.


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