DOCÊNCIA, MATEMÁTICA E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Isadora Cristina Marteli da Silva, Fernanda Luana Hoppe, Cláudio José de Oliveira

Resumo


O presente resumo apresenta um recorte do estudo “Docência, Etnomatemática e Práticas Educativas” (2017 - 2019). O objetivo central da pesquisa é compreender como se constitui uma docência para aprender e ensinar matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (AIEF). Com isso, estamos interessados em discutir como se produzem os discursos sobre a docência para ensinar matemática nos AIEF. O material analisado foi selecionado a partir de um conjunto de textos apresentados no grupo de trabalho Educação Matemática da 38ª Reunião Nacional da ANPED 2017 e da 22ª Reunião Científica Regional da ANPED SUL 2018, tendo como referência os seguintes marcadores: Docência, Matemática e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. A partir dos vários textos encontrados, elaboramos uma tabela com objetivo, autores de referência e conclusão do trabalho apresentado. Apoiando-nos nos estudos acerca da docência, realizamos mapeamentos da proliferação dos discursos sobre docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental no que se refere ao ensinar matemática, bem como compreensão dos efeitos disso no dia a dia da prática escolar deste componente curricular. Desse modo, encontramos problematizações no que se refere a uma docência centrada na ação do professor: algumas condutas e modos “corretos” de agir, de ensinar na sala de aula para alcançar uma educação matemática de qualidade; a ideia de um currículo linear, ordenado e centrado em blocos ou eixos de conteúdo; a centralidade nas ações do professor; o deslocamento das questões sociais para ensinar matemática, apenas trazendo a “realidade” para ilustrar acontecimentos que contextualizam o ensino de matemática. Assim, concluímos que, ao estabelecermos interlocuções entre Docência, Matemática e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, não estamos priorizando somente índices estatísticos em relação à aprendizagem matemática, que em geral apenas reafirmam que nossas crianças não têm aprendido matemática na escola, mas sim uma docência que questione os jogos da verdade que têm produzido professores e alunos para ensinarem e aprenderem a partir de determinadas práticas e de determinadas condutas que dizem sobre concepções de conhecimento, de matemática e de ensino de cada época e espaço. Deste modo, ainda podemos problematizar se isto que usualmente chamamos de matemática não é um modo muito particular de raciocinar, de pensar o mundo, muitas vezes colocado como única forma de “ser inteligente” nas escolas, bem como propor que a docência possa ser compreendida como uma invenção coletiva, constituída na (in)certeza, que vai além das pretensões de estabilidade, centradas no domínio único de técnicas universalizantes.


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