HUMANIZAÇÃO E LIBERTAÇÃO: DA EDUCAÇÃO POPULAR À EDUCAÇÃO DO CAMPO

Ângela Cristine Schulz, Cheron Zanini Moretti

Resumo


O presente trabalho está vinculado ao projeto (Des)colonialidade do ser/poder/saber na Pedagogia da Alternância: sistematização de uma experiência, desenvolvido na Universidade de Santa Cruz do Sul, do qual participo como bolsista voluntária de Iniciação Científica. Esse trabalho insere-se no campo da História da Educação e tem como objetivo compreender a relevância histórica da cultura e da educação popular para a educação do campo, em especial, sua dimensão humanizadora e libertadora. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e bibliográfico que resulta da intersecção entre a revisão e análise do referencial teórico sobre o tema investigado. Primeiramente, não podemos deixar de apontar que a educação popular e a cultura popular se relacionam, pois ambas estão ligadas aos movimentos sociais na luta contra a opressão, práticas educativas hegemônicas e contra a “cultura do silêncio”. O movimento de cultura popular, dos anos de 1960, tinha como ponto determinante realizar a produção cultural voltada às massas, elevando seu nível de consciência social, buscando valorizar os saberes populares. Entendia-se que a cultura popular era um recurso para a transformação da realidade brasileira a partir do despertar da consciência. Assim, a cultura é compreendida como popular quando se faz comunicável ao povo, quando leva o homem/mulher a assumirem seu papel como sujeito da criação cultural, consciente do processo histórico em que está inserido. Consequentemente, a educação popular foi um dos instrumentos a favor desta transformação social: uma educação do/com o povo e não para o povo. A partir destas reflexões, podemos relacionar a concepção de educação popular a de educação do campo, pois ambas se associam diretamente às lutas, organizações e movimentos sociais. Para tanto, esses movimentos sociais surgem como forma de resistência, na busca por respeito às diferenças sociais, culturais, religiosas, direitos humanos e, da mesma forma, objetiva uma construção pedagógica emancipatória, pensada a partir do/da trabalhador/as camponês/a em seus múltiplos contextos. Ressaltamos que somente em 1988, com a aprovação da Constituição, maiores discussões e debates foram organizados em prol dos direitos sociais da população campesina. Para tanto, a educação do campo e/ou com o povo do campo surge porque está pensada no lugar onde eles vivem e produzem a própria vida, valorizando e inserindo, em suas práticas, seu contexto cultural e suas necessidades humanas e sociais. Para tal, não podemos deixar de apontar, que se torna urgente uma educação contextualizada, democrática, pensada e planejada por integrantes do campo, reconhecendo o potencial de educadores e educandos, suas histórias de vida, seus valores, suas lutas e contribuindo para o coletivo – garantindo o direito de todos/as. Essa afirmação, portanto, dialoga com a pedagogia do oprimido, pois parte dos oprimidos da terra em busca de uma educação que vise a sua libertação com princípios, valores, filosofias e currículos próprios, gerando assim a emancipação humana, a autonomia, ressignificando a identidade do campo e a permanência destes no meio em que estão inseridos.


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