O LUGAR OCUPADO PELAS MULHERES NEGRAS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE

Amanda Knecht de Bairros, Mozart Linhares da Silva, Betina Hillesheim

Resumo


A presente pesquisa é resultado dos estudos produzidos no grupo de pesquisa intitulado “Identidade e Diferença na Educação”, sendo também articulado com o Trabalho de Conclusão que será apresentado ao curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul. Ser mulher em nossa sociedade é estar em uma posição desfavorecida, mas ser mulher negra é estar em uma posição ainda mais inferiorizada. Se pensarmos em uma pirâmide social dividida em quatro níveis, teríamos o homem branco compondo o topo, seguido pela mulher branca, o homem negro e, por fim a base, composta pela mulher negra. Segundo o “Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil”, há dados que evidenciam que a maior porcentagem das mulheres negras brasileiras vive nas periferias, em situação de extrema pobreza, assim como estão duas vezes mais expostas à violência do que em comparação as mulheres brancas. Como estratégia para dar conta das demandas da população, em diferentes âmbitos, contamos com a elaboração de políticas públicas, que são desenvolvidas pelo poder público. Porém, há críticas sobre como e se é realizado o enfoque de gênero e raça na elaboração das políticas públicas, já que para dar conta das questões citadas, é necessário que haja um olhar direcionado para as especificidades das mulheres negras, ou seja, para a interseccionalidade, no caso entre gênero e raça. Diante destas demandas, o objetivo geral desta pesquisa é realizar uma análise sobre as políticas públicas de saúde voltadas para a mulher negra, visando compreender de que forma busca-se dar conta das demandas específicas dessa população. Para isso, será realizada uma análise documental, composta por três documentos elaborados pelo Ministério da Saúde que possuem enfoque de gênero e raça, inserindo as especificidades das mulheres negras em suas ações. Estes documentos são intitulados como: “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher", "Perspectiva da Equidade no Pacto Nacional Pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal: A Saúde das Mulheres Negras” e por fim, a “Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: Uma Política do SUS”.  Após elencadas as categorias de análise, essas serão discutidas com base nos Estudos Culturais, tomando-se as questões relativas à identidade. Os Estudos Culturais se caracterizam como sendo um campo aberto, que se utiliza de todos os campos necessários na construção do conhecimento, abrangendo diversas disciplinas e teorias. O que difere os Estudos Culturais de outras disciplinas tradicionais é seu caráter político. Suas análises não têm como objetivo a neutralidade, mas sim a produção como forma de intervir no cotidiano social e político das populações que estão em desvantagens devido às relações de poder. A análise que será realizada através desta pesquisa busca contribuir para que se qualifiquem e se repensem as práticas de cuidado das mulheres negras. Ressalta-se que esta pesquisa se encontra em andamento, portanto serão apresentados os resultados parciais encontrados até o momento.


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