"NARRATIVAS DE ADOLESCENTES SOBRE DROGAS": A CONSTRUÇÃO DO CUIDADO A PARTIR DA ESCUTA

Kamilla Mueller Gabe, Luana Haas, Francieli Ester, Janaira de Oliveira Terres, Suzane Krug, Edna Linhares Garcia

Resumo


O uso de álcool e outras drogas por adolescentes constitui-se como um problema de saúde pública. A presente pesquisa denominada “Narrativas de adolescentes sobre drogas e os Serviços de Saúde Mental CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul” decorre da pesquisa “A Realidade do crack em Santa Cruz do Sul”, que teve início no ano de 2010. Essa temática provém da necessidade da realização de um trabalho com os adolescentes após a constatação de que a maioria dos usuários de crack teve seu primeiro contato com a droga durante a adolescência, constituindo a dimensão da vida de maior vulnerabilidade. Assim, é necessário olhar para essa questão buscando compreender os sentidos e significados atribuídos pelos próprios adolescentes. Para essa pesquisa buscou-se a articulação com a rede de saúde mental (CAPSia e CAPSad) e a rede de saúde básica. As Estratégias Saúde da Família (ESFs) do município de Santa Cruz do Sul foram selecionadas devido a integração com as escolas do município por meio do Programa Saúde na Escola (PSE). O objetivo deste trabalho foi possibilitar a construção de narrativas com os adolescentes em escolas públicas, em parceria com os serviços de saúde mental e da atenção básica do município, visando a prevenção do uso de drogas e a promoção de saúde na comunidade. Essa pesquisa tem caráter qualitativo e sua análise se dará por meio dos escritos de Mary Jane Spink (2010) que abordam a questão da produção de sentidos pelos sujeitos. Para tanto, optou-se pela realização de grupos focais nas escolas públicas municipais com adolescentes de 12 a 18 anos devidamente matriculados. Para a coleta adequada dos dados, os grupos focais são formados por 10 a 12 indivíduos em uma sala nas dependências da escola que frequentam. Nos grupos focais, os adolescentes são divididos em subgrupos e recebem materiais como papel pardo, canetas coloridas e revistas para recorte. Com isso, se tem a técnica da tempestade de ideias, que possibilita e reflexão e discussão inicial acerca da temática das drogas. Nos encontros posteriores os adolescentes confeccionam materiais artísticos com base nas questões levantadas anteriormente. A presente pesquisa encontra-se em andamento e, portanto, os resultados aqui explanados são parciais. Neste sentido, os adolescentes das diferentes escolas já trabalhadas, ao não reconhecerem os serviços de saúde como relacionados a prevenção e tratamento do uso de drogas, têm reforçado a importância de projetos que abordem essa temática. Nos discursos deles podemos também notar a forte presença da relação direta produzida no senso comum sobre o uso de drogas, reduzindo-a em questões morais (certo ou errado). No entanto, a possibilidade de criticar essa realidade demonstrou-se como uma característica dos grupos pesquisados, o que acarretou em debates e reflexões acerca dos pré-conceitos evidenciados. Ao abdicar do lugar de possuidor do saber e se colocar como parte na construção do conhecimento, pode-se ter um panorama mais adequado das realidades dos sujeitos. É neste sentido que a pesquisa aqui explanada busca construir, a partir da intersetorialidade, estratégias não apenas de enfrentamento ao uso de drogas na adolescência, como também a compreensão dos significados do seu uso, possibilitando criar articulações que alcancem tal realidade de forma singular e adequada.

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