O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DE CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ATRAVÉS DA TECNOLOGIA TOUCH

Alice Petry da Silva, Fernanda Luana Hoppe, Carina Ferreira dos Santos, Nize Maria Campos Pellanda

Resumo


O projeto de pesquisa “Na ponta dos dedos: o iPad como instrumento complexo de cognição/subjetivação”, que visa o processo de complexificação dos sujeitos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ao acoplarem-se com o ambiente e as novas tecnologias, é vinculado ao Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas (GAIA) sustentado pelo conceito de Ontoepistemogênese. O projeto matriz tem como base os estudos sobre o paradigma da complexidade e da plasticidade neuronal, assim como os princípios da auto-organização descritos por Heinz Von Foerster e do conceito de autopoiesis desenvolvido pelos biólogos Humberto Maturana e Francisco Varela. No projeto vinculado, as pesquisadoras investigam a relação dos sujeitos com a tecnologia touch e a complexidade dos mecanismos observados a partir do acoplamento, no qual perturba estados afetivos e cognitivos. O referido conta com a atuação de bolsistas do curso de Pedagogia e Psicologia, que acolheram três crianças no período entre agosto de 2017 a agosto de 2018, de 2 à 9 anos de idade, diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) para serem realizados atendimentos e observações sustentadas pelos conceitos estudados. Os atendimentos acontecem, semanalmente, no Serviço Integrado de Saúde (SIS), onde o principal recurso utilizado é o iPad enquanto instrumento que permite a complexa integração das crianças com vídeos, fotos e jogos. Nesse momento, as pesquisadoras observam a maneira acoplada entre sujeito/máquina, sujeito/ambiente e sujeito/sujeito que, posteriormente, será registrada em diários de bordo e autonarrativas. Desta forma, as perturbações realizadas nos atendimentos provocam (re)atualizações nos modos de viver/conhecer de cada criança assistida, assim como o desenvolvimento de sujeitos mais autônomos, que se caracteriza através de novas situações vividas. As bolsistas constataram a construção de laços afetivos entre sujeito/sujeito, sujeito/máquina, visto que a relação acoplada das crianças com a pesquisadora e com o iPad foi significativa durante os atendimentos. Isto mostra o quanto pode ser fortalecedor a perturbação para o desenvolvimento através da tecnologia. Uma das crianças apresentou novas maneiras de se acoplar com o ambiente através das perturbações realizadas com músicas, caracterizando uma transformação subjetiva ao potencializar suas relações interpessoais. O interesse por especificidades também é uma emergente no momento em que o sujeito compreende o espaço em que vive sua experiência enquanto um lugar de liberdade, em que pode explorar da forma que achar mais interessante, bem como demonstrar as suas habilidades. A pesquisa aposta no processo de auto-organização de cada sujeito, ao mesmo tempo em que rompe com as rotinas e proporciona a neuroplasticidade a partir da complexificação de cada experiência. Portanto, conclui-se parcialmente que através das perturbações realizadas houve um considerável desenvolvimento intelectual, motor e físico, pois com o passar dos meses ocorreu a perda gradativa da extrema sensibilidade auditiva, reconhecimento em fotos realizadas no decorrer dos atendimento, aceitação do contato físico e respostas aos questionamentos que lhe eram impostos, sendo estas com sorrisos ou gestos, além disso estabeleceu-se uma relação mais próxima com o iPad utilizando suas diferentes ferramentas.

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