CÉLULA DE COMBUSTÍVEL MICROBIANA INTEGRADA EM WETLANDS CONSTRUÍDOS DE FLUXO SUBSUPERFICIAL NO TRATAMENTO DE EFLUENTES HOSPITALARES

Eduardo Souza da Cunha, Gustavo Stolzenberg Colares, Evellyn Gross, Ênio Leandro Machado

Resumo


A qualidade dos efluentes da área da saúde tem referências mais específicas em termos de normas no Brasil especialmente com a RDC 357/05, que teve em 2009 proposta de revisão com o Subgrupo Lançamento de Efluentes de Serviços de Saúde – LESSA, e com a resolução CONAMA 430/2011, ambas admitindo lançamento dos esgotos em rede pública de coleta para tratamento nos processos adequados para as águas residuárias urbanas. No entanto, deve ser considerada a complexidade dos agentes poluentes em efluentes hospitalares, que podem integrar amplo grupo de contaminantes, tais como microrganismos patogênicos, surfactantes, residuais de medicamentos e seus metabólitos (drogas citostáticas usadas em quimioterapia), desinfetantes, radionuclídeos entre outros, associando-se sempre o potencial de toxicidade destes descartes. Neste caso, a própria resolução CONAMA 430/2011 estabelece possibilidade de tratamento segregado especial para correntes efluentes com características de maior potencial poluente que o perfil tradicional dos efluentes urbanos. O perfil de carga poluente dos efluentes hospitalares não segregados é muito semelhante aos fluentes urbanos dos setores de serviços como os das instituições de ensino superior. Especialmente quanto a carga de depleção de oxigênio dissolvido e eutrofizante. A integração de ambas as informações em matriz aquosa tão complexa quanto os efluentes hospitalares são muito importantes, especialmente para caracterizar riscos de biomagnificação e retroalimentação aos diversos níveis tróficos, quanto para aperfeiçoar a qualidade geral dos efluentes a serem descartados nos diversos ambientes naturais envolvendo corpos d’água. A média de consumo de água por leito hospitalar, e consequente geração de boa parte dos efluentes, nas diversas unidades de saúde, situa-se entre 400-1200 L dia-1. Hospitais europeus e norte-americanos estão mais próximos da faixa de 750-980 L dia-1. Os efluentes podem ter grande diversidade, dependendo das atividades em cada estabelecimento: laboratório de análises clínicas; radio e quimioterapia; lavanderia; UTI e leitos de diversas classes de acomodação. Mesmo assim, se pode referir que quanto ao conteúdo de metais pesados, DQO e DBO5, os efluentes hospitalares não diferem muito da matriz poluente dos esgotos urbanos. Neste sentido este trabalho desenvolveu em uma etapa inicial de estudos com wetlands construídos de fluxo subsuperficial e vertical (WCFSS e WCFV), o funcionamento de sistema com célula microbiana em regime de batelada. O desenvolvimento da célula de combustível microbiana (WC/CCM) foi feito utilizando eletrodos de grafite em configurações de alimentação dos efluentes em fluxo vertical e horizontal. Neste caso efluente sanitário do campus universitário, semelhante ao efluente geral do hospital universitário foi aplicado para desenvolvimento preliminar do sistema WC/CCM. Foram considerados os seguintes parâmetros eletroquímicos: diferença de potencial em célula aberta; eficiência Coulômbica e densidade potência do sistema. O sistema de melhor desempenho operacional foi o WCFSS/CCM combinado com WCFSS, com tempo de detenção de 7 dias; previamente tratado por anaerobiose e com densidade de potência de 0,3 W m-2, eficiência Coulômbica de 0,15% e eficiência de redução de COT (na etapa CCM) e nitrogênio total (com sistema integrado) superiores em 80%.

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