SISTEMA DE PRECIPITAÇÃO POR CONTATO NA DESFLUORETAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM CONDIÇÕES REAIS DE OPERAÇÃO

Jéssica Luiza Rutsatz, Ronaldo Bastos dos Santos, Roberta Oliveira Santos, Eduardo Lobo Alcajaga, Adilson Ben da Costa

Resumo


Encontrado naturalmente na água e no solo, nas mais variadas concentrações, o flúor possui um papel fundamental na prevenção e controle da cárie dental. Porém, ingerir regularmente quantidades superiores à estabelecida pelo Ministério da Saúde (1,5 mg L-1), pode gerar uma patologia chamada de fluorose dental, que consiste em uma mineralização defeituosa do esmalte dos dentes. Atualmente o controle da quantidade de flúor só ocorre em águas de abastecimento público, contudo, este sistema nem sempre consegue atender à necessidade de todos os habitantes. Assim, a população precisa optar por alternativas de abastecimento como os poços artesianos e fontes naturais. Como consequência, tem-se observada a ocorrência de fluorose dental em crianças, relacionada com o excesso de fluoretos em água. Desta maneira, o objetivo deste trabalho foi aplicar o sistema de precipitação por contato na desfluoretação de águas subterrâneas em condições reais de operação e avaliar os parâmetros dessas águas. O sistema foi construído utilizando como meio adsorvente, o carvão ativado de osso fornecido pela Bonechar Carvão Ativado do Brasil Ltda, PR. O filtro foi montado em um tanque de fibra de vidro com 235 kg de carvão ativado de osso, além de um filtro auxiliar de polipropileno, grau de filtração de 50 µm, para reduzir o risco de arraste de material particulado. Para a precipitação foram utilizados soluções de cloreto de cálcio e fosfato de potássio bibásico anidro, onde os íons Ca2+ e PO43- reagem com o flúor e formam a fluorapatita, um precipitado de cor branca. Os parâmetros analisados para determinar a qualidade da água tratada foram a quantidade de fluoreto, pH, condutividade e turbidez. A água bruta, proveniente de poço artesiano situado no bloco 12 da UNISC apresenta, em média, uma concentração de flúor de 2,9 mg L-1, pH de 8,8 e condutividade elétrica de 612 µS cm-1 e turbidez de 0,0 NTU. Após a passagem pelo filtro, a água apresentou concentração de flúor de 1,5 mg L-1, pH de 8,4 e condutividade elétrica de 645 µS cm-1 e turbidez de 0,0 NTU. Apesar da água proveniente do abastecimento público (Corsan) apresentar uma quantidade muito menor de flúor (0,5 mg L-1), foi possível observar a efetividade da utilização do filtro, com redução de aproximadamente 48%. Assim, pode-se concluir que o sistema de desfluoretação utilizando precipitação por contato e carvão ativado de osso bovino, reduz satisfatoriamente os níveis de Flúor presentes em águas subterrâneas, deixando-as dentro dos limites estabelecidos. Além da possibilidade desse sistema ser utilizado em abastecimento para uso coletivo, como escolas, universidades e estabelecimentos comerciais, ele apresenta a vantagem de utilizar o carvão ativado saturado que atua como catalisador, não necessitando de troca. Como atividade complementar ao projeto, foi organizada uma oficina técnica, denominada “Remoção do Excesso de Flúor em Águas Naturais” com o intuito de divulgar os resultados finais do projeto de pesquisa desenvolvidas com recursos do Programa de Pesquisa em Saúde e Saneamento da FUNASA-MS. 

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