Este trabalho procura evidenciar como, num contexto da sociedade de risco, iniciativas em torno da sustentabilidade emergem em um espectro internacional no qual a agroenergia constrói-se como alternativa. Para Beck (1995), a sociedade moderna ao desenvolver-se, é capaz de confrontar-se com o que produziu, com os efeitos colaterais da sociedade industrial. Estes efeitos configuram-se enquanto riscos, representando perigos e incertezas cotidianas. Nesta conjuntura, abre-se a discussão acerca da sustentabilidade. Busca-se um desenvolvimento mais “limpo” que, somado à preocupação com a escassez do petróleo, legitima a construção da energia enquanto questão. É nesse cenário que a agroenergia desponta como uma possível resposta às novas demandas internacionais. Para compreender as diferentes respostas praticadas pelos atores sociais, utiliza-se as contribuições de Long e Ploeg (2011) que tratam da capacidade de agência humana, permitindo analisar práticas, processos, formas de organização no sentido de uma mudança social por meio da construção de alternativas à sobrevivência material e reprodução social. Para tal, estudou-se uma iniciativa de produção de agrocombustíveis por agricultores familiares no Rio Grande do Sul. Como metodologia, a pesquisa valeu-se do estudo de caso, sendo realizadas entrevistas semiestruturadas com agricultores e lideranças envolvidas. Observou-se que a agroenergia pode ser explorada de maneira descentralizada e posta em prática por agricultores familiares. Este estudo configura-se como estratégia de desenvolvimento na região onde está localizada, marcada pela monocultura de tabaco. Ademais, o reconhecimento do papel da agricultura familiar no desenvolvimento sustentável é fundamental para que o Estado apoie práticas geradoras de bens públicos como a agroenergia.

Palavras-chave: sociedade de risco, agroenergia, agricultura familiar.