CULTURA E DESENVOLVIMENTO HUMANO: LIMITAÇÕES E POSSIBILIDADES DA VERSÃO CULTURALISTA DE CAPITAL SOCIAL PARA A EXPANSÃO DAS CAPACIDADES EM ÂMBITO LOCAL
Resumo
Este artigo discute criticamente a abordagem culturalista de capital social desenvolvida por Robert Putnam (2000a, 2000b) a partir da Abordagem das Capacidades proposta por Amartya Sen (1985, 2000, 2010). O objetivo central consiste em demonstrar empiricamente (através de modelos de regressão multivariados) que os supostos efeitos benéficos do capital social sobre o desenvolvimento socioeconômico podem ser bem menos relevantes do que a tese putnamiana faz crer, quando se adota uma concepção de desenvolvimento que mede diversas dimensões do desenvolvimento humano e, quando a partir dela, se considera outros fatores e mecanismos que podem afetar tal desenvolvimento. Tendo em vista a pluralidade cultural decorrente do processo de colonização do Estado do Rio Grande do Sul-Brasil, os dados empíricos se referem aos 496 municípios daquele estado, entre os anos 2000 e 2010. Dentre os resultados, destaca-se que, contrariando a tese putnamiana, sequer foram encontrados efeitos positivos do capital social sobre a dimensão Emprego/Renda. De outro modo, as dimensões Educação e Saúde se mostraram fortemente associadas aos indicadores de capital social, que se mantiveram robustos após a consideração de outros aspectos nos modelos estimados. A discussão de tais resultados sob a lente das capacidades aponta para a necessidade de se colocar em segundo plano as culturas regionais na análise de disparidades de desenvolvimento e colocar em primeiro plano outros aspectos, especialmente de ordem material, que impedem a criação de oportunidades e limitam a condição de agente de muitos indivíduos, formadores do capital social.
Palavras-chave: Capital Social, Abordagem das Capacidades, Agência, Poder e ControleTexto completo:
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