DA CAFEICULTURA À PECUÁRIA: A HISTÓRIA DA ECONOMIA PRÉ-INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA
Resumo
O propósito do ensaio é investigar como as economias de subsistência, do café e da pecuária, que dominaram o Vale do Paraíba paulista até metade do século XX, moldaram os aspectos físicos e sociais da região. A preocupação está centrada em desvendar as transformações que deixaram marcas indeléveis na paisagem e na vida das pessoas – as chamadas rugosidades (Santos, 2006) – e nos legados culturais dos séculos anteriores à industrialização. A pesquisa prova que, bem antes do café e da pecuária se tornarem hegemônicos, a região fervilhava com uma economia diversa, baseada na produção e comercialização do fumo, toucinho, açúcar, algodão e a criação de gado, que abastecia principalmente as então capitais, Rio de Janeiro e São Paulo. Esse passado, registrado pela história não pode ser ignorado. Entender essa jornada econômica – desde essa diversidade inicial até os ciclos posteriores – e sua correlação com a estrutura da vida social é fundamental para desvendar a complexidade da atual Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. O que vemos hoje é fruto de padrões de interação entre elementos que, ao longo do tempo, ora se entrelaçaram, ora colidiram. Essa dinâmica constante, como argumenta Barros (2005), faz da identidade local algo vivo, em permanente transformação – um reflexo claro da própria região, que se apresenta como um todo vibrante, múltiplo e complexo, tanto economicamente quanto socialmente.