TECENDO RESISTÊNCIAS: A LUTA COTIDIANA PELO TERRITÓRIO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA ADELAIDE MARIA TRINDADE BATISTA
Resumo
Este artigo analisa algumas práticas cotidianas de resistência, relacionadas ao território, protagonizadas por Dona Maria Arlete Ferreira da Silva, matriarca da Comunidade Quilombola Adelaide Maria Trindade Batista, localizada no município de Palmas, no Sudoeste do Paraná. A pesquisa, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da UTFPR, insere-se em uma tese de doutorado em andamento, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, e é desenvolvida em parceria com a comunidade por meio da abordagem etnográfica. As informações aqui analisadas emergem de observação participante e de diálogos com as interlocutoras, que são reconhecidas como coautoras das reflexões e dos saberes produzidos. O objetivo central do artigo é compreender como as resistências empreendidas por essa matriarca se expressam nos gestos cotidianos de cuidado, na defesa e na articulação política em prol do território. A análise evidencia que tais práticas não se resumem a enfrentamentos diretos, mas envolvem estratégias sofisticadas de negociação, hospitalidade, proteção ambiental e preservação de vínculos ancestrais com a natureza. Conclui-se que a resistência quilombola, nesse contexto, é vivida como reexistência: um fazer político enraizado no território, sustentado por alianças situadas e por práticas de cuidado que atualizam memórias, fortalecem a coletividade e reafirmam modos de vida não subordinados à lógica colonial.