EDUCAÇÃO FINANCEIRA CRÍTICA COMO INSTRUMENTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UM OLHAR SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS, CONSUMO CONSCIENTE E JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL
Resumo
A difusão de programas de educação financeira no Brasil, especialmente a partir da Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), tem sido marcada por uma abordagem técnica centrada na racionalidade econômica individual e na moralização do consumo. Embora relevantes, tais iniciativas frequentemente desconsideram as desigualdades estruturais, a complexidade dos processos de endividamento e os impactos socioambientais das práticas de consumo. Este artigo propõe uma releitura crítica do conceito de educação financeira a partir de uma perspectiva integrada à alfabetização econômica, à justiça social e à sustentabilidade. Por meio de uma revisão bibliográfica de natureza qualitativa e crítica, o estudo examina os limites do modelo tradicional e defende a articulação entre consumo responsável, cidadania financeira e educação ambiental. A proposta de uma educação financeira transformadora implica reconhecer as condições concretas de vida dos sujeitos, superar o viés tecnocrático da formação financeira e fomentar competências que possibilitem escolhas fundamentadas não apenas na lógica do capital, mas também em valores éticos, sociais e ambientais. Ao conectar essa abordagem aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), evidencia-se o potencial pedagógico da educação financeira como dispositivo estratégico para o enfrentamento das desigualdades e para a promoção de um desenvolvimento regional mais justo, democrático e ecologicamente comprometido.