O quintal enquanto formação sócio-territorial: O terreiro de Parelheiros e sua patrimonização como introdução aos seus contrastes.
Resumo
O presente artigo, tem por objetivo apresentar Parelheiros, região periférica da cidade de São Paulo e um dos únicos bairros do município dentro de uma área de preservação ambiental (APA). A construção dos escritos, parte de uma visão contra-colonial, com corrente epistemológica pautada na decolonialidade, com vista a uma discussão crítica dos contrastes encontrados na formação sócio- espacial desse território. Tomando como empréstimo as visões de Kilomba (2020) e o encantamento linebeiju, da escritora afrobrasileira Kiusam de Oliveira (2022), a narrativa desse artigo rompe com a rigidez das escritas acadêmicas e permite a apresentação do território de Parelheiros, fazendo analogia com os “quintais”, que aqui se expressam como espaços de memórias onde, quando trazidas à tona, são reclamadas pelos seus atores para serem tombadas. Ainda que se paute numa visão decolonial, procura-se o afastamento de caráter positivista, elegendo autores que dialoguem de forma não-polarizada com territórios periféricos e constroem a memória enquanto estratégia de pertencimento (Le Goff, 1996; Bernardino-Costa; Maldonado-Torres; Grosfoguel, 2018; Gil; Meinerz, 2017; Sant”Anna, 2015). Ao final, apresenta a gira como analogia ao espaço de diálogo e despertar do pertencimento por meio dos arranjos disponíveis e que dão caráter subjetivo aos territórios.