A INFLUÊNCIA DA FIGURA DO “CAPITÃO DO MATO” NAS RELAÇÕES ATUAIS DE TRABALHO NO BRASIL
Resumo
Este artigo propõe um sobrevoo das origens e evoluções do conceito de trabalho, tecendo conexões desde as narrativas bíblicas do Gênesis até a contemporaneidade brasileira, permeada pela herança do período escravocrata. Iniciamos com a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, momento em que o trabalho é imposto como castigo divino, delineando a relação primordial entre humanidade e labor sob uma ótica punitiva. Avançamos, então, pela antiguidade grega e romana, destacando a valorização do intelecto em detrimento do trabalho manual, uma perspectiva que se estende e se modifica com a queda do Império Romano e a subsequente ascensão do feudalismo, sob a influência da Igreja Católica, reforçando o trabalho como penitência. Ao transitar pelo Renascimento, notamos um breve resgate dos valores grecoromanos, embora a concepção medieval de trabalho como castigo persista, evoluindo com os avanços sociais e culturais até a modernidade, onde o valor do indivíduo passa a ser medido por sua capacidade produtiva, exacerbada pela revolução industrial e o avanço tecnológico. Este panorama serve de prelúdio para o foco central do estudo: a influência da escravidão nas relações de trabalho no Brasil. O Brasil, como último país do Ocidente a abolir a escravidão, carrega em suas estruturas sociais e trabalhistas as marcas profundas dessa herança. O artigo, portanto, mergulha nas práticas laborais brasileiras desde a colonização até a modernidade, destacando como a escravidão moldou as relações de trabalho, perpetuando desigualdades e discriminações as quais ressoam até os dias atuais. Através de uma revisão histórica, busca-se compreender como a escravidão influencia as práticas trabalhistas contemporâneas no Brasil, mantendo viva a segregação e a desvalorização do trabalho manual em um ciclo de discriminação o qual desafia os avanços legislativos e sociais.
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