A INFLUÊNCIA DA FIGURA DO “CAPITÃO DO MATO” NAS RELAÇÕES ATUAIS DE TRABALHO NO BRASIL

Cleber Augusto A’Costa de Lima, Fabrício Leo Alves Schmidt

Resumo


Este artigo propõe um sobrevoo das origens e evoluções do conceito de trabalho, tecendo conexões desde as narrativas bíblicas do Gênesis até a contemporaneidade brasileira, permeada pela herança do período escravocrata. Iniciamos com a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, momento em que o trabalho é imposto como castigo divino, delineando a relação primordial entre humanidade e labor sob uma ótica punitiva. Avançamos, então, pela antiguidade grega e romana, destacando a valorização do intelecto em detrimento do trabalho manual, uma perspectiva que se estende e se modifica com a queda do Império Romano e a subsequente ascensão do feudalismo, sob a influência da Igreja Católica, reforçando o trabalho como penitência. Ao transitar pelo Renascimento, notamos um breve resgate dos valores grecoromanos, embora a concepção medieval de trabalho como castigo persista, evoluindo com os avanços sociais e culturais até a modernidade, onde o valor do indivíduo passa a ser medido por sua capacidade produtiva, exacerbada pela revolução industrial e o avanço tecnológico. Este panorama serve de prelúdio para o foco central do estudo: a influência da escravidão nas relações de trabalho no Brasil. O Brasil, como último país do Ocidente a abolir a escravidão, carrega em suas estruturas sociais e trabalhistas as marcas profundas dessa herança. O artigo, portanto, mergulha nas práticas laborais brasileiras desde a colonização até a modernidade, destacando como a escravidão moldou as relações de trabalho, perpetuando desigualdades e discriminações as quais ressoam até os dias atuais. Através de uma revisão histórica, busca-se compreender como a escravidão influencia as práticas trabalhistas contemporâneas no Brasil, mantendo viva a segregação e a desvalorização do trabalho manual em um ciclo de discriminação o qual desafia os avanços legislativos e sociais.

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