Leishmaniose visceral humana: letalidade e tempo da suspeição ao tratamento em área endêmica no Brasil

Autores

  • Millena Pereira dos Santos Universidade Federal do Tocantins
  • Jardel Martins Ferreira
  • Marco Augusto Giannoccaro da Silva
  • Katyane de Sousa Almeida

DOI:

https://doi.org/10.17058/reci.v12i4.17755

Palavras-chave:

Leishmaniose Visceral, Diagnóstico Tardio, Letalidade, Epidemiologia

Resumo

Justificativa e objetivos: a leishmaniose visceral humana (LVH) constitui-se em persistente problema de saúde pública, configurando-se um desafio à redução de sua letalidade. Para avaliação dos fatores associados à letalidade, este estudo tem ênfase no tempo decorrido da suspeição ao tratamento de LVH, nos anos de 2015 a 2019, no município de Araguaína-TO, área de transmissão intensa. Métodos: estudo epidemiológico de série de casos com acompanhamento longitudinal, com informações extraídas das fichas de notificação e investigação de LVH. Utilizou-se o risco relativo (RR) como medida de força de associação para o óbito, sendo calculado com intervalos de confiança (IC 95%) estimados pelo Teste de Wald. Os intervalos de tempo foram representados em dias por box plot em medianas (Md). Resultados: dos 191 casos de LVH, 179 (93,72%) obtiveram cura e 12 (6,28%) apresentaram desfecho fatal. Não houve associação de risco de morte por sexo, escolaridade, raça ou cor, sendo significativa apenas por idade nas faixas etárias de adultos jovens (RR= 16,09) e idosos (RR=7,08). O tempo da suspeição ao tratamento em crianças foi mais curto (0-35 dias, Md= 12) que o de pacientes mais velhos (4-44 dias, Md=18) e naqueles que evoluíram ao óbito (7-65 dias, Md=20), realçando maior inoportunidade de cura nesses dois últimos grupos. Conclusão: o diagnóstico tardio foi um indicador determinante para piores desfechos, e cinco dias fizeram a diferença entre o grupo com desfecho para cura e o grupo dos que vieram a óbito, destacando a necessidade de encurtamento da espera para tratamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Makoni M. New threats to visceral leishmaniasis control. The Lancet Microbe. 1o de novembro de 2021;2(11):574. https://doi.org/10.1016/S2666-5247(21)00285-8

Organização Pan-Americana da Saúde. Diretrizes para o tratamento das leishmanioses na Região das Américas. Washington, DC: Pan American Health Organization; 2022. https://iris.paho.org/handle/10665.2/56487

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde. 3a. Vol. Único [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. 740 p. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_3ed.pdf

Sunter J, Gull K. Shape, form, function and Leishmania pathogenicity: from textbook descriptions to biological understanding. Open Biol. Kingdon State. 2017;7(9):113. https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rsob.170165

Costa DL, Costa CHN. Leishmaniasis Visceral. Em: Atlas interactivo de leishmaniasis en las Américas: aspectos clínicos y diagnósticos diferenciales. Washington, D.C.: Organización Panamericana de la Salud; 2020.Capítulo 5. p. 495. https://iris.paho.org/handle/10665.2/52645

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. GeoMatopiba: Inteligência Territorial [Internet]. EMBRAPA. Campinas, 2020. https://www.embrapa.br/geomatopiba

Departamento de Informática do SUS, Ministério da Saúde (BR). Casos confirmados por ano notificação segundo município de infecção, período: 2010 a 2019. [Internet]. DATASUS. Brasília 2020. http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/leishvbr.def

R Core Team. R: A language and environmeent for statistical computing [Internet]. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria; 2021. https://www.r-project.org/index.html

Aragon TJ, Fay MP, Wollschlaeger D, et al. Epitools: Epidemiology Tools [Internet]. R package version 05-10. 2020. https://CRAN.R-project.org/package=epitools

Bulstra CA, Rutte EAL, Malaviya P, et al. Visceral leishmaniasis: Spatiotemporal heterogeneity and drivers underlying the hotspots in Muzaffarpur, Bihar, India. PLoS Negl Trop Dis. 2018;12(12). https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0006888

Alvarenga DG de, Escalda PMF, Costa ASV, et al. Leishmaniose visceral: estudo retrospectivo de fatores associados à letalidade. Rev Soc Bras Med Trop. 2010; 43:194–7. http://www.scielo.br/j/rsbmt/a/gctcGmnFCDQPSLP3WJHNNBR/?lang=pt

Santos M de A, Rodrigues SLC, Nascimento ALF, et al. Leishmaniose Visceral: Características clínico-epidemiológicas de casos e óbitos no estado de Sergipe. Rev Epidemiol E Controle Infecção. 2018;8(4):428–34. https://online.unisc.br/seer/index.php/epidemiologia/article/view/11591

Rodríguez NE, Lima ID, Dixit UG, et. al. Epidemiological and Experimental Evidence for Sex-Dependent Differences in the Outcome of Leishmania infantum Infection. Am J Trop Med Hyg. 2018;98(1):142–5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5928733/

Cavalcante ÍJM, Vale MR. Epidemiological aspects of visceral leishmaniasis (kala-azar) in Ceará in the period 2007 to 2011. Rev Bras Epidemiol. 2014; 17:911–24. http://www.scielo.br/j/rbepid/a/vvNRJYdCV7x87TLL4ntSxKt/?lang=en

Ortiz RC, Anversa L. Epidemiologia da leishmaniose visceral em Bauru, São Paulo, no período de 2004 a 2012: um estudo descritivo. Epidemiol E Serviços Saúde.2015;24:97–104. http://www.scielo.br/j/ress/a/T4Xr8Xwwzv4psK9N9r8LQfR/?lang=pt

Sousa JMDS, Ramalho WM, Melo MA Caracterização demográfica e clínica da leishmaniose visceral humana no Estado de Pernambuco, Brasil entre 2006 e 2015. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2018; 51(5): 622-630. http://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0047-201n

Almeida CP, Cavalcante FRA, Moreno JO, et al. Leishmaniose visceral: distribuição temporal e espacial em Fortaleza, Ceará, 2007-2017. Epidemol Serv Saúde, Brasília. 2020; 29(5). https://doi.org/10.1590/s1679-49742020000500002

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico da população residente dos municípios do Tocantins, por cor ou raça. Brasil, 2010. https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3175#resultado

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012/2019. Brasil, 26 de maio de 2020. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101707informativo.pdf

Faria ACM de. Avaliação temporal e espacial da oportunidade do diagnóstico para leishmaniose visceral humana. Brasil, 2017 a 2019. Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina Veterinária- Centro Universitário de Brasília, 2020. http://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/prefix/14735

Maia-Elkhoury ANS, Romero GAS, Valadas SYOB, et al. Premature deaths by visceral leishmaniasis in Brazil investigated through a cohort study: A challenging opportunity? PLoS Negl Trop Dis. 2019;13(12):e0007841. https://journals.plos.org/plosntds/article?id=10.1371/journal.pntd.0007841

Pan American Health Organization. Leishmaniasis: Epidemiological Report in the Americas. Number 9, December 2020.OPAS;2020 Washington, D.C https://iris.paho.org/handle/10665.2/51742

Van GJ, Diro E. Visceral Leishmaniasis Recent Advances in Diagnostics and Treatment Regimens. Infect Dis Clin North Am. 2019;33(1):79–99. https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0891552018300928

Driemeier M, de Oliveira PA, Druzian AF, et al. Late diagnosis: a factor associated with death from visceral leishmaniasis in elderly patients. Pathog Glob Health.2015;109(6):283–9. https://doi.org/10.1179/2047773215Y.0000000029

Ministério da Saúde (BR). UVR/CGDT/DEVEP/ SVS/MS. Nota Técnica nº 45/2010 - UVR/CGDT/DEVEP/ SVS/MS. Orientações sobre a utilização do Teste Rápido Imunocromatográfico rK39. Brasilia: Ministério da Saúde, 2010. Brasil, 2010. https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/dezembro/29/Nota-Tecnica-n452010-Orientacoes-sobre-a-utilizacao-do-teste-rapido-imunocromatografico-rK39.pdf

Publicado

2023-03-03

Como Citar

Pereira dos Santos, M., Martins Ferreira, J. ., Giannoccaro da Silva, M. A. ., & de Sousa Almeida, K. . (2023). Leishmaniose visceral humana: letalidade e tempo da suspeição ao tratamento em área endêmica no Brasil. Revista De Epidemiologia E Controle De Infecção, 12(4). https://doi.org/10.17058/reci.v12i4.17755

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL