Sífilis congênita em Roraima e a migração venezuelana: análise de casos na maternidade estadual nos biênios 2017/2018 e 2020/2021

análisis de casos en la maternidad estatal en los bienios 2017/2018 y 2020/2021

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17058/reci.v13i4.18537

Resumo

Justificativa e objetivos: nos anos de 2017 e 2018, Roraima experimentou o aumento mais expressivo nas taxas de incidência sífilis congênita entre todas as unidades federativas. Esse fenômeno ocorreu em paralelo à significativa migração venezuelana para a região. O objetivo do estudo foi analisar a relação entre o aumento dos casos de sífilis congênita registrados no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth e a crise migratória venezuelana. Métodos: trata-se de pesquisa de base documental, descritiva, abrangendo os períodos de 2017/2018 e 2020/2021, desenvolvida a partir de dados coletados nas cópias das fichas de notificação/investigação de sífilis congênita do hospital. Resultados: no biênio 2017/2018, ápice da migração venezuelana em Roraima, os casos de sífilis ocorreram em número menor do que quando o fluxo migratório decresceu. No biênio 2020/2021, houve um decréscimo do fluxo migratório em razão do fechamento da fronteira e da aceleração do processo de interiorização. Embora seja o período com o maior registro de notificações de sífilis congênita entre mães venezuelanas, o percentual é consideravelmente menor que o registrado entre mulheres brasileiras. A taxa de incidência foi maior entre o grupo de mães brasileiras (7,5/1.000 nascidos vivos, no período de 2017/2018, e 11,5/1.000 nascidos vivos, no período de 2020/2021). Conclusão: a migração venezuelana, embora possa ter exercido, eventualmente, alguma influência sobre o quantitativo total de casos de sífilis congênita, não pode ser considerada o fator determinante para o aumento de casos da doença no hospital no período delimitado, e outros fatores merecem ser avaliados como decisivos nesse caso.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alexander Sibajev, Universidade Federal de Roraima

Professor Titular do Curso de Medicina da Universidade Federal de Roraima. Bacharel em Biomedicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1984), Licenciado em Biologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1985). Mestrado em Biologia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz (1991) e Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas (2005). Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Roraima (2012). Pós-doutorado em Biotecnologia na Universidade Federal Fluminense (2016). "Research Scholar" na Universidade Case Western Reserve (1993-1995), Professor Visitante na Universidade Federal Fluminense. Pesquisador e Orientador no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFRR (PROCISA). Avaliador de curso (Biomedicina) e institucional pelo INEP/MEC. "Referee" em revistas internacionais e consultor "Ad Doc" de programas científicos de universidades nacionais. Membro docente da Liga Acadêmica de Medicina Tropical e Infectologia. Tem experiência como biomédico e em Gestão de Laboratório de Análises Clínicas, Imunoparasitologia e Bacteriologia tendo trabalhado no LACEN-RR (1995-1996). 

Referências

Brasil. Boletim Epidemiológico de Sífilis (2019). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. 5(1). Brasília; 2019.

Brasil. Boletim Epidemiológico de Sífilis (2020). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. 6(1). 2020.

Aguiar CM, Magalhães B. Operation shelter as humanitarian infrastructure: material and normative renderings of Venezuelan migration in Brazil. In: Material Politics of Citizenship. 1st ed. Routledge; 2021. p. 21. doi: 10.4324/9781003201274.

Doocy S, Page KR, de la Hoz F, et al. Venezuelan Migration and the Border Health Crisis in Colombia and Brazil. Journal on migration and human security. 2019;7(3):79-91. doi: 10.1177/2331502419860138.

Bahamondes L, Laporte M, Margatho D, et al. Maternal health among Venezuelan women migrants at the border of Brazil. BMC public health. 2020 Dec;20(1):1771. doi: 10.1186/s12889-020-09912-x.

Benedetti MSG. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2020. Boa Vista; 2021.

Benedetti MSG. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2019. Boa Vista; 2020.

Cavalcanti L, Oliveira W. Os efeitos da pandemia de COVID-19 sobre a imigração e o refúgio no Brasil: uma primeira aproximação a partir dos registros administrativos. Périplos revista de estudos sobre migrações. 2020; 4(2):11-35. https://periodicos.unb.br/index.php/obmigra_periplos/article/view/41623

Lenth RV. Some practical guidelines for effective sample size determination. The american statistician. 2001;55(3):187-93. doi: 10.1198/000313001317098149

Heringer ALS, Kawa H, Fonseca SC, et al. Desigualdade na tendência da sífilis congênita no município de Niterói, Brasil 2007 a 2016. Rev. panam. salud pública. 2020; 44: 1-8. doi: 10.26633/RPSP.2020.8

Azevedo RNC. Relatório sobre os nascidos vivos em Roraima no período de 2015 a junho de 2023. Boa Vista; 2023.

Oliveira WA. A imigração dos venezuelanos para o Brasil e a atuação da Polícia Federal na fronteira: uma análise sobre as solicitações de refúgio e residência temporária. Rev bras de ciências policiais. 2020;11(3), 231-263. doi: 10.31412/rbcp.v11i3.65

Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis – DCCI. Boletim Epidemiológico de Sífilis. Ano V, n.01. Brasília: Ministério da Saúde; 2021. 57 p.

Dantas JF, Costa RMM, Oliveira AC, et al. Disordered migration processes and global health: impacts of the displacement of Venezuelans in the midst of the syphilis epidemic in Brazil / Processos migratórios desordenados e saúde global: Impactos do deslocamento de venezuelanos em meio à epidemia de sífilis no Brasil. DST j bras doenças sex transm. 2021;33:1-9.

Castillo JP, Andrade FG. Neonatal complications of newborns children born of immigrant mothers in comparison with local mothers: A view of a growing immigration to Ecuador. Research society and development. 2021;10(2):1-13. doi: 10.33448/rsd-v10i2.12644

Bezerra MLM, Fernandes FECV, Nunes JPO, et al. Congenital Syphilis as a Measure of Maternal and Child Healthcare, Brazil. Emerg Infect Dis. 2019;25(8):1469–1476. doi: 10.3201/eid2508.180298

Guimarães WSG, Parente RCP, Guimarães TLF, et al. Acesso e qualidade da atenção pré-natal na Estratégia Saúde da Família: infraestrutura, cuidado e gestão. Cad. Saúde Pública. 2018;34(5):e00110417. doi: 10.1590/0102-311X00110417

Macêdo VC, Romanguera LMD, Ramalho MOA, et al. Sífilis na gestação: barreiras na assistência pré-natal para o controle da transmissão vertical. Cad. saúde coletiva., v. 28, p. 518-528, 2020. doi: 10.1590/1414-462X202028040395

Araujo RS, Souza ASS, Braga JU. Who was affected by the shortage of penicillin for syphilis in Rio de Janeiro, 2013–2017? Rev. saúde pública. 2020;54:109. doi: 10.11606/s1518-8787.2020054002196

Publicado

2023-12-29

Como Citar

Xavier, N. F. de O., & Sibajev, A. . (2023). Sífilis congênita em Roraima e a migração venezuelana: análise de casos na maternidade estadual nos biênios 2017/2018 e 2020/2021: análisis de casos en la maternidad estatal en los bienios 2017/2018 y 2020/2021. Revista De Epidemiologia E Controle De Infecção, 13(4). https://doi.org/10.17058/reci.v13i4.18537

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL