Trabalho e Tempo: Modos de Subjetivação das Trabalhadoras Safristas das Indústrias do Fumo de Santa Cruz do Sul

Autores

  • Renata da Silveira Borstmann Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
  • Karine Vanessa Perez Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

DOI:

https://doi.org/10.17058/psiunisc.v2i2.11807

Palavras-chave:

Trabalho de safra. Precarização do trabalho. Trabalho e Gênero. Produção de Subjetividade. Psicodinâmica do Trabalho

Resumo

O trabalho, por ser central na vida dos sujeitos, tem o potencial de atravessar e constituir a subjetividade dos trabalhadores. O trabalho na safra nas indústrias de fumo constitui-se como um importante meio de subsistência para uma considerável parcela de mulheres de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Desse modo, este artigo se propõe a discutir a relação entre trabalho e tempo nos processos de subjetivação das trabalhadoras safristas das industrias do fumo de Santa Cruz do Sul. Esse estudo ancorou-se nos pressupostos teóricos e metodológicos da Psicodinâmica do Trabalho, no qual foram realizados três encontros de grupos com quatro trabalhadoras safristas no Sindicato dos Trabalhadores do Fumo e da Alimentação (STIFA) e quatro entrevistas individuais. A análise dos materiais evidenciou que as participantes se subjetivam nesse trabalho temporário que se configura como um modo de trabalhar em que há uma interrupção e, ao mesmo tempo, continuidade ao longo dos anos. Foi constatado que o trabalho na safra se constitui como um trabalho essencialmente feminino, dado o elevado número de trabalhadoras mulheres nesse ramo produtivo. Essas questões denotam, portanto, o modo como as trabalhadoras se estruturam e se organizam neste contexto de trabalho, se subjetivando nesta temporalidade sazonal, seja pela falta de opções de emprego ou pela repetição durante vários anos na safra, mesmo que contrarie o desejo de um emprego efetivo.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Renata da Silveira Borstmann, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Mestranda em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Graduada em Psicologia pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Integrante do grupo N-PISTA(s) - Núcleo de Pesquisas Instituições, Subjetivação e Trabalho em Análise(s) - PPGPSI/UFRGS.

Karine Vanessa Perez, Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

Doutora e Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Docente da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Psicóloga, graduada em Psicologia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina - Campus de São Miguel do Oeste. Especialista em Psicologia Clínica Humanista pela Universidade do Oeste de Santa Catarina - Campus de São Miguel do Oeste. Integrante do Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho - PPGPSI/UFRGS. Experiência na área de Psicologia, ênfase em Psicologia Social e Saúde Mental e Trabalho.

Referências

Antunes, R. (2009). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo.

Bouyer, G. C. (2010). Contribuição da Psicodinâmica do Trabalho para o debate: "o mundo contemporâneo do trabalho e a saúde mental do trabalhador". Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 35(122), 249-259. doi: 10.1590/S0303-76572010000200007.

Brasil. Lei nº 13.429, de 31 de março de 2017. Recuperado em 13 de maio de 2017, em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13429.htm#art1.

Cadoná, M. A. (2015). A indústria fumageira e o mercado de trabalho de Santa Cruz do Sul-RS. Revista brasileira de desenvolvimento regional, 3 (1), 205-221. doi: 10.7867/2317-5443.2015v3n1p205-221

Castel, R. (2003). As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes.

Cortez, M. B., & Souza, L. (2008). Mulheres (in) subordinadas: o empoderamento feminino e suas repercussões nas ocorrências de violência conjugal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(2), 171-180. doi: 10.1590/S0102-37722008000200006

Coutinho, M. C., Krawulski, E., & Soares, D. H. P. (2007). Identidade e trabalho na conteporaneidade: repensando articulações possíveis. Psicologia & Sociedade, 19(spe), 29-37. doi: 10.1590/S0102-71822007000400006.

D’Alonso, G. L. (2008). Trabalhadoras brasileiras e a relação com o trabalho: trajetórias e travessias. Psicologia para América Latina (15). Recuperado em 15 de junho de 2017, em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1870-350X2008000400003&lng=es.

Dejours, C. (1992). A Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Cortez.

Dejours, C. (2008). In: S, Lancman, L, Sznelwar (Orgs.), Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz.

DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), (2017). Os impactos da Lei 13.429/2017 (antigo PL 4.302/1998) para os trabalhadores. Nota Técnica, nº 175. Recuperado em 20 de maio de 2017, em https://www.dieese.org.br/notatecnica/2017/notaTec175TerceirizacaoTrabalhoTemporario/?page=1.

Fiorin, P. C., Oliveira, C. T., & Dias, A. C. G. (2014). Percepções de mulheres sobre a relação entre trabalho e maternidade. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 15(1), 25-35. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902014000100005&lng=pt&tlng=pt.

Flach, L., Grisci, C. L. I., Silva, F. M., & Manfredini, V. (2009). Sofrimento psíquico no trabalho contemporâneo: analisando uma revista de negócios. Psicologia & Sociedade, 21(2), p. 193-202. doi: 10.1590/S0102-71822009000200006.

Goulart Junior, E., Mergulhão, L. R., Canêo, L. C., Najm, M. B., & Lunardelli, M. C. F. (2009). Considerações sobre a terceira idade e o mercado de trabalho: questionamentos e possibilidades. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, 6(3), 429-437. doi: 10.5335/rbceh.2012.250.

Grisci, C. L. I. (1999). Trabalho, tempo e subjetividade: impactos da reestruturação produtiva e o papel da Psicologia nas organizações. Psicologia: Ciência e Profissão, 19(1), 2-13. doi: 10.1590/S1414-98931999000100002

Guiraldelli, R. (2014). Trabalho, trabalhadores e questão social na sociabilidade capitalista. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 17(1), 101-115. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-37172014000200008.

Hirata, H. (2002). Nova divisão sexual do trabalho? Um olhar voltado para a empresa e a sociedade. São Paulo: Boitempo.

Macedo, F. M. F., Boava, D. L. T., Cappelle, M. C. A., & Oliveira, M. L. S. (2012). Relações de gênero e subjetividade na mineração: um estudo a partir da fenomenologia social. Revista de Administração Contemporânea, 16(2), 217-236. doi: 10.1590/S1415-65552012000200004

Macêdo, G. S., & Macedo, K. B. (2004). As relações de gênero no contexto organizacional: o discurso de homens e mulheres. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 4(1), 61-90. Recuperado de https://periodicos.ufsc.br/index.php/rpot/article/view/7548.

Machado, O. M. (2003). Códigos legais e códigos sociais – o papel dos direitos e os direitos de papel. In: M. A. I. Hesketh (Org.). Cidadania da mulher, uma questão de justiça. Brasília: OAB Editora.

Nascimento, S. D. (2014). Precarização do trabalho feminino: a realidade das mulheres no mundo do trabalho. In: III Simpósio Gênero e Políticas Públicas (paginação irregular). Londrina, PR.

Nogueira, C. M. (2004). A feminização no mundo do trabalho: entre a emancipação e a precarização. Campinas: Autores Associados.

Queiroz, V. S, Aragón, J. A. O. (2015). Alocação de tempo em trabalho pelas mulheres brasileiras. Estudos Econômico, 45(4), 787-819. doi: 10.1590/0101-416145484vqj

Sen, A. (2000). Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras.

Tavares, L. A. T. (2010). A depressão como "mal-estar" contemporâneo: medicalização e (ex)-sistência do sujeito depressivo. São Paulo: Editora UNESP.

Redin, E. (2015). Família rural e produção do tabaco: estratégias de reprodução social em Arroio do Tigre/RS (Tese de doutorado). Programa de Pós-graduação em Extensão Rural e Desenvolvimento da Universidade de Santa Maria (UFSM), Rio Grande do Sul.

Thiollent, M. (1988). Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez.

Vanalli, A. C. G., & Barham, E. J. (2012). Após a licença maternidade: a percepção de professoras sobre a divisão das demandas familiares. Psicologia & Sociedade, 24(1), 130-138. doi: 10.1590/S0102-71822012000100015.

Downloads

Publicado

2018-07-20

Como Citar

Borstmann, R. da S., & Perez, K. V. (2018). Trabalho e Tempo: Modos de Subjetivação das Trabalhadoras Safristas das Indústrias do Fumo de Santa Cruz do Sul. PSI UNISC, 2(2), 177-194. https://doi.org/10.17058/psiunisc.v2i2.11807

Edição

Seção

Artigos