Prevalência de Afastamentos por Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados ao Trabalho em Professores

Autores

  • Mary Sandra Carlotto Universidade do Vale do Rio dos Sinos/Unisinos
  • Sheila Gonçalves Câmara Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA
  • Jaqueline Vidal Batista Universidade Federal da Paraíba - UFPB
  • Gabriela Azeredo Schneider Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS

DOI:

https://doi.org/10.17058/psiunisc.v3i1.12464

Palavras-chave:

Transtornos mentais, Absenteísmo, Segurança e saúde ocupacional, Professores.

Resumo

O objetivo do estudo foi identificar a prevalência dos afastamentos do trabalho por Transtornos Mentais e Comportamentais Relacionados Ao Trabalho (TMCRT) em professores. Foi utilizado um delineamento transversal das licenças médicas dos professores entre os anos de 2012 a 2016. A população em estudo foram todos os professores de escolas municipais de um município da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS (n=2.181). A amostra foi constituída por 246 licenças de afastamento por motivo de saúde relacionado ao trabalho dentre 116 professores, no período em estudo. A prevalência de TMRC foi de 11% em relação ao número de trabalhadores da educação do município e 8% em relação aos motivos de afastamento em geral. Os resultados evidenciaram maior frequência de transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes (52,4%), seguido de transtornos do humor (42,7%). Esses dados indicam que os transtornos mentais em professores constituem uma realidade preocupante que necessita monitoramento constante para o estabelecimento de políticas públicas de promoção da saúde e prevenção de agravos mentais à saúde dos professores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mary Sandra Carlotto, Universidade do Vale do Rio dos Sinos/Unisinos

Graduação em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1983), especialização em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Cândido Mendes-RJ (2000), mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Luterana do Brasil (2002) e doutorado em Psicologia Social pela Universidade de Santiago de Compostela (2005). Professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS. Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Psicologia da Saúde Ocupacional (GPPSO).

Sheila Gonçalves Câmara, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA

Psicóloga; Mestre e Doutora em Psicologia (PUCRS). Docente  do PPG Psicologia e Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

Jaqueline Vidal Batista, Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Psicóloga, Especialista em Teoria Psicanalítica (UFPB); Mestre em Psicologia Social (UFPB); Doutora em Saúde Pública (FIOCRUZ); Professora do PPG em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Gabriela Azeredo Schneider, Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS

Bolsista de Iniciação Científica (UNIBIC/UNISINOS).

Referências

Affonso, S. L. (2016). Absenteísmo: um problema complexo nas organizações (Dissertação de mestrado). Curso de Mestrado em Administração, da Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade – Fumec, Belo Horizonte, MG.

Aguiar, G. A. S., & Oliveira, J. R. (2009). Absenteísmo. Suas principais causas e consequências em uma empresa do ramo de saúde. Revista de Ciências Gerenciais, 13(18), 95-113.

Amazarray, M. R., Câmara, S. G., & Carlotto, M. S. (2014). Investigação em saúde mental e trabalho no âmbito da saúde pública no Brasil. In: A. R. C. Merlo, C. Bottega & K. V. Perez. (Orgs.), Atenção à saúde mental do trabalhador: sofrimento e transtornos psíquicos relacionados ao trabalho. Porto Alegre: Evangraf.

Araújo, T. M., & Carvalho, F. M. (2009). Condições de trabalho docente e saúde na Bahia: estudos epidemiológicos. Educação e Sociedade, 30(107), 427-449. doi: 10.1590/S0101-73302009000200007

Alencar, M. C. B., & Valença, J. B. M. (2016). Absence from work and functionality: the case of workers with lower back diseases. Caderno de Terapia Ocupacional da UFSCar, 24(4), 755-763. doi: 10.4322/0104-4931.ctoAO0732

Baasch, D., Trevisan, R. L., & Cruz, R. M. (2017). Perfil epidemiológico dos servidores públicos catarinenses afastados do trabalho por transtornos mentais de 2010 a 2013. Ciência. & Saúde Coletiva, 22(5). doi: 10.1590/1413-81232017225.10562015

Batista, J. B. V., Carlotto, M. S., Coutinho, A. S., & Augusto, L. G. D. S. (2010). Prevalência da Síndrome de Burnout e fatores sociodemográficos e laborais em professores de escolas municipais da cidade de João Pessoa, PB. Revista Brasileira de Epidemiologia, 13(3), 502-512. doi: 10.1590/s1415-790x2010000300013

Batista, J. B. V., Carlotto, M. S., Coutinho, A. S., & Augusto, L. G. da S. (2011). Síndrome de Burnout: confronto entre o conhecimento médico e a realidade das fichas médicas. Psicologia em Estudo, 16(3), 429-435. doi: 10.1590/S1413- 73722011000300010

Böckerman, P., & Laukkanen, E. (2010). Predictors of sickness absence and presenteeism: does the pattern differ by a respondent's health? Journal of Occupational and Environmental Medicine, 52(3), 332-335. doi: 10.1097/jom.0b013e3181d2422f

Borrell, C., & Artazcoz, L. (2008). Las desigualdades de género en salud: Retos para el futuro. Revista Espanhola de Salud Pública, 82(3), 241-249. Recuperado de http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1135-57272008000300001&lng=es&tlng=es.

Brasil. Ministério da Saúde do Brasil (2001). Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: MS.

Conselho Federal de Medicina (2002). Lei no 1.658/2002. Recuperado de http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&id=2617

Cardoso, M. A. C. B., & Araujo, T. M. (2016). Os Centros de Referências em Saúde do Trabalhador e as ações em saúde mental: um inquérito no Brasil. Revista. Brasileira de Saúde Ocupacional, 41, e7. doi: 10.1590/2317-6369000118115

Carlotto, M. S. (2010). O papel do psicólogo frente ao adoecimento e sofrimento ocupacional. Pessoas e Sintomas, 11, 49-54.

Carlotto, M. S. & Câmara S. G. (2015). Prevalence and risk factors of common mental disorders among teachers. Journal of Work and Organizational Psychology 31, 201–206.

Carlotto, M. S., & Palazzo, L. S. (2006). Síndrome de burnout e fatores associados: um estudo epidemiológico com professores. Caderno de Saúde Pública, 22(5), 1017-1026. doi: 10.1590/s0102-311x2006000500014

Carvalho, D. B. de (2018). Fatores associados ao absenteísmo por doença entre professores (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comunidade, Universidade Federal do Piauí.

Costa. S. S. (2017). Perfil Epidemiológico dos Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho na Região Nordeste do Brasil, no período de 2007 a 2016 (Trabalho de Conclusão de Especialização). Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Salvador, Bahia.

Costa, F. R. C. P., & Rocha, R. (2013). Fatores estressores no contexto de trabalho docente. Revista Ciências Humanas -UNITAU 6(1), 18-43.

Estorce, T. P., & Kurcgan, T. P. (2011). Licença médica e gerenciamento de pessoal de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 45(5), 1199-1205. doi: 10.1590/S0080-62342011000500024

Falavigna, A., & Carlotto, M. S. (2013). Tendência temporal de afastamento do trabalho por transtornos mentais e comportamentais em enfermeiros (1998-2008). Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 13(3), 363-371.

Gasparini, S. M., Barreto, S. M. & Assunção, A. A. (2006). Prevalência de transtornos mentais comuns em professores da rede municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Caderno de Saúde Pública, 22(12), 2679-2691. doi: 10.1590/s0102-311x2006001200017

Glina, D. M. R., Rocha, L. E., Batista, M. L., & Mendonça, M. G. V. (2001). Saúde mental e trabalho: uma reflexão sobre o nexo com o trabalho e o diagnóstico, com base na prática. Cadernos de Saúde Pública, 17(3), 607-616. doi: 10.1590/S0102-311X2001000300015

Guglielmi, R. S., & Tatrow, K. (1998). Occupational stress, burnout, and health in teachers: a methodological and theoretical analysis. Review of Educational Research, 68(1), 61-99. doi: 10.3102/00346543068001061

Jaques, T. (2007). Issue management and crisis management: An integrated, non-linear, relational construct. Public Relations Review, 33(2), 147-157. doi: 10.1016/j.pubrev.2007.02.001

Khan, M. S. (2014). Teacher burnout - Causes and prevention. Vetri Education, IX(2), 15-22.

Khan, A., Amanat, A., Aqeel, M., Sulehri, N. A., Sana, E., Amin, H., & Amanat, A. (2017). The mediating role of job stress between social support and development of stress, anxiety and depression in educators and health professionals. Foundation University Journal of Psychology, 1(3), 48-61.

Landim, J. M. M., Bezerra, M. M. M., Alves, M. N. T., & Marx, M. (2017). Saúde Mental do Trabalhador no Brasil: Questões emergentes. Id on line Revista Multidisciplinar e Psicologia, 30(33), 186-197.

Laurell, A. C., & Noriega, M. (1989). Processo de produção e saúde: trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec.

Leão, A. L. M., Barbosa-Branco, A., Rassi Neto, E., Ribeiro, C. A. N, & Turchi, M. D. (2015). Absenteísmo-doença no serviço público municipal de Goiânia. Revista Brasileira de Epidemiologia, 18(1), 262-277.

Lima, M. E. A. (2005). Transtornos mentais e trabalho: o problema do nexo casual. Revista de Administração da FEAD-Minas, 2(1), 73-80.

Maia, P. A. (2014). Trabalho docente e licenças médicas de professores afastados. Revista Montagem, 16(16), 145-156.

McDaid, D. (2008). Mental health in workplace settings. Luxembourg: European Commission.

Mayerl, H., Stolz, E., Waxenegger, A., Rásky, É., & Freidl, W. (2016). The role of personal and job resources in the relationship between psychosocial job demands, mental strain, and health problems. Frontiers in Psychology, 7, 1214. doi: 10.3389/fpsyg.2016.01214

Melo, W. F., Rego, S. M. O., Saldanha, H. G. A. C., Flor, M. F. P. C. O., & Maracaja, P. B. (2015). Síndrome de Burnout em professores. Revista Brasileira de Educação e Saúde, 5(4), 01-06.

Miranda, F. A. N., Carvalho, G. R. P., Fernandes, R. L., Silva, M. B., & Sabino, M. G. G. (2009). Saúde mental, trabalho e aposentadoria: focalizando a alienação mental. Revista Brasileira de Enfermagem, 62(5), 711-716. doi: 10.1590/S0034-71672009000500010

Morais, L. A. A., Souza, K. R. de, & Santos, G. B. (2018). Intensificação e precarização social do trabalho de professores de escola pública: um estudo exploratório na região da baixada fluminense (RJ). Revista Trabalho Necessário, 16(29), 218-236.

Munro, L. (2007). Absenteeism and presenteeism: possible causes and solutions. The South African Radiographer, 45(1), 21-23.

Organização Mundial de Saúde [OMS]. (1993). Classificação de transtornos mentais e de comportamento: CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas.

Owens, P. (1997). Mental health: understanding work disability issue. Health Insurance Underwriter, 1-4.

Pizzio, A., & Klein, K. B. (2018). Perfil epidemiológico dos servidores públicos federais no Tocantins afastados por motivo de saúde. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, 14(2), 588-604.

Sales, L. O., & Freitas, M. C. S. (2018). A experiência com o adoecimento na docência: um estudo com professoras do município de São Miguel das Matas, Bahia, Brasil. Sisyphus Journal of Education, 6(02),65-81.

Santi, D. B., Barbieri, A. R., & Cheade, M. F. M. (2018). Absenteísmo-doença no serviço público brasileiro: uma revisão integrativa da literatura. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho,16(1),71-81. doi: 10.5327/Z1679443520180084

Santos, J. K. L., & Wanzinack, C. (2017). Saúde docente: um estudo de caso nas escolas municipais de ensino fundamental do município de Matinhos - Paraná - Brasil. Revista Eletrónica de Investigación y Docencia, 17, 115-128. doi: 10.17561/reid.v0i17.3187

Schreuder, J. A., Roelen, C. A., Koopmans, P. C., Moen, B. E., & Groothoff, J. W. (2010). Effort-reward imbalance is associated with the frequency of sickness absence among female hospital nurses: a cross-sectional study. International Journal of Nursing Studies, 47(5), 569-576. doi: 10.1016/j.ijinurse.2009.10.002

Seligmann-Silva, S. E. (2009). Saúde mental no trabalho contemporâneo. In congresso Internacional de Stress da ISMA-BR (vol. 9).

Seligmann-Silva, E., Bernardo, M. H., Maeno, M., & Kato, M. (2010). Saúde do Trabalhador no início do século XXI (Editorial). Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 35(122), 185-186. doi: 10.1590/s0303-76572010000200001

Silva, M. P., Bernardo, M. H., & Souza, H. A. (2016). Relação entre saúde mental e trabalho: a concepção de sindicalistas e possíveis formas de enfrentamento. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 41, 23. doi: 10.1590/2317-6369000003416

Silva, E. B. F., Tomé, L. A. O., Costa, T. J. G., & Santana, M. C. C. P. (2012). Transtornos mentais e comportamentais: perfil dos afastamentos de servidores públicos estaduais em Alagoas, 2009. Epidemiologia e Serviços de Saúde, 21(3), 505-514. doi: 10.5123/s1679-49742012000300016

Silva, M. M., & Caveião, C. (2016). Análise dos afastamentos de saúde dos trabalhadores de ensino de Divinópolis – MG. Revista Saúde e Desenvolvimento, 10(5), 138-156.

Silva Junior, J. S., & Fischer, F. M. (2014). Adoecimento mental incapacitante: benefícios previdenciários no Brasil entre 2008-2011. Revista de Saúde Pública, 48(1), 186-190. doi: 10.1590/S0034-8910.2014048004802

Soldatelli, R. (2011). O processo de adoecimento dos professores do ensino fundamental de Florianópolis e suas possibilidades de resistência a esse processo (Dissertação de Mestrado). Florianópolis, SC.

Sprenger, J. (2011). Stress and coping behaviors among primary school teachers. Master in Arts. Faculty of the Department of Health Education and Promotion. East Carolina University. EUA. Recuperado de http://thescholarship.ecu.edu/bitstream/handle/10342/3548/Sprenger_ecu_0600M_10405.pdf?seq

Stansfeld, S. A., North, F. M., White, I., & Marmot, M. G. (1995). Work characteristics and psychiatric disorder in civil servants in London. Journal of Epidemiology & Community Health, 49(1), 48-53. doi: 10.1136/jech.49.1.48

Ybema, J. F., Smulders, P. G., & Bongers, P. M. (2010). Antecedents and consequences of employee absenteeism: A longitudinal perspective on the role of job satisfaction and burnout. European Journal of Work and Organizational Psychology, 19(1), 102-124. doi: 10.1080/13594320902793691

Wynne, R. et al. (2014). Employment, social affairs & inclusion. Promoting mental health in the workplace: guidance to implementing a comprehensive approach. European Commission. Recuperado de ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=13879&langId=en

Zijlstra, F. et al. (2006). Stress Impact project. Stress Impact is the acronym for the EU funded project entitled: The impact of changing social structures on stress and quality of life: Individual and social perspectives. Recuperado de https://www.surrey.ac.uk/psychology/projects/stress-impact/files/Stress%20Impact%20Integrated%20Report.pdf

Downloads

Publicado

2019-01-03

Como Citar

Carlotto, M. S., Câmara, S. G., Batista, J. V., & Schneider, G. A. (2019). Prevalência de Afastamentos por Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados ao Trabalho em Professores. PSI UNISC, 3(1), 19-32. https://doi.org/10.17058/psiunisc.v3i1.12464

Edição

v. 3 n. 1 (2019)

Seção

Artigos

Licença

A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte conforme a licença CC-BY da Creative Commons.

Licença Creative Commons Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.