A (In)Visibilidade de Mulheres Usuárias de Álcool e Outras Drogas em um CAPS AD III
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v3i2.12972Palavras-chave:
Mulheres, Álcool e outras drogas, Gênero, Saúde mental.Resumo
A estigmatização e o preconceito são representações sociais atribuídas às mulheres usuárias de álcool e outras drogas. Estas repercussões estabelecem uma desaprovação e culpabilização à população feminina, acarretando sua invisibilidade nos espaços públicos. O objetivo deste artigo consiste em compreender a (in)visibilidade de mulheres que frequentam o Grupo Feminino no Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (CAPS AD III) de um município do interior do Rio Grande do Sul. O estudo abrange o entendimento acerca dos modos de subjetivação das mulheres, assim como busca discutir as questões de gênero que se atravessam no cuidado em Saúde Mental. A pesquisa constituiu-se com o método da Observação Participante, através da aproximação com o campo empírico. Empregou-se o registro do diário de campo para a discussão a respeito da aproximação com as particularidades que perpassam a existência destas mulheres. Constatou-se que o grupo feminino ocupa um espaço importante na vida das mulheres, porém, algumas delas compareceram somente para solicitar e retirar as receitas médicas, o que acarreta sua invisibilidade no serviço público. A suposta ideia de redes/serviços de apoio para as mulheres foi confirmada a partir dos relatos que apontaram o contexto familiar, o CAPS AD III (especialmente o grupo feminino) e os amigos como pontos de proteção para estas. Ao discutir sobre gênero no âmbito da saúde mental, tornou-se possível observar uma concepção biologizante destinada ao cuidado às mulheres. Estas costumam não falar de sua trajetória, buscando compreender apenas o funcionamento de sua doença.
Downloads
Referências
Andrade, H. R., Evangelista, M. G., Chagas, V. S., Silva, A. M. P., & Barreto, M. F. T. B. (2017). Drogadição feminina no Brasil: uma análise epidemiológica. Revista Científica Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, 7(19), 65-82. doi: 10.25242/887671920171173
Barcinski, M. (2012). Mulheres no tráfico de drogas: a criminalidade como estratégia de saída da invisibilidade social feminina. Contextos Clínicos, 5(1), 52-61. doi: 10.4013/ctc.2012.51.06
Campos, E. A., & Reis, J. G. (2010). Representações sobre o uso de álcool por mulheres em tratamento em um centro de referência da cidade de São Paulo – Brasil. Interface – Comunicação, Saúde e Educação, 14(34), 539-550. doi: 10.1590/S1414-32832010005000006
Conselho Nacional de Saúde. (2012). Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília: Ministério da Saúde. Recuperado de: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
Conselho Nacional de Saúde. (2016). Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Brasília: Ministério da Saúde. Recuperado de: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
Elbreder, M. F., Laranjeira, R., Siqueira, M. M., & Barbosa, D. A. (2008). Perfil de mulheres usuárias de álcool em ambulatório especializado em dependência química. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 57(1), 9-15. doi: 10.1590/S0047-20852008000100003
Ferraz, D., & Kraiczyk, J. (2010). Gênero e Políticas Públicas de Saúde – construindo respostas para o enfrentamento das desigualdades no âmbito do SUS. Revista de Psicologia da UNESP, 9(1), 70-82. Recuperado de http://seer.assis.unesp.br/index.php/psicologia/article/view/428
Fraga, P. C. P., & Silva, J. K. N. (2017). A participação feminina em mercados ilícitos de drogas no Vale do São Francisco, no Nordeste brasileiro. Tempo Social, 29(2), 135-158. doi: 10.11606/0103-2070.ts.2017.128528
Galera, S. A. F., Roldán, M. C. B., & O’brien, B. (2005). Mulheres vivendo no contexto de drogas (e violência) - papel maternal. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 13(spe2), 1142-1147.doi: 10.1590/S0104-11692005000800007
Garcia, C. C. (1995). Ovelhas na névoa: um estudo sobre as mulheres e a loucura. Rio de Janeiro: Record.
Gaskell, G., & Bauer, M. W. (2003). Para uma prestação de contas pública: além da amostra, da fidedignidade e da validade. In G. Gaskell, & M. W. Bauer (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático (2. ed.). Petrópolis: Vozes
Haraway, D. (1995). Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, (5), 07-41. Recuperado de https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773
Jovchelovitch, S. (2008). Os contextos do saber: representações, comunidade e cultura. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes
Ludermir, A. B. (2008). Desigualdades de classe e gênero e saúde mental nas cidades. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 18(3), 451-467. doi: 10.1590/S0103-73312008000300005
Macedo, F. S., & Machado, P. S. (2016). Economia moral e modelos de atenção no cuidado com gestantes que usam crack. Saúde em Debate, 40(109), 34-46. doi: 10.1590/0103-1104201610903
Macrae, E. (2004). Abordagens qualitativas na compreensão do uso de psicoativos. In L. A. Tavares, A. R. B. Almeida, A. Nery Filho, E. Macrae, & O. S. Ferreira (Orgs.). Drogas: tempos, lugares e olhares sobre seu consumo. Salvador: EDUFBA
Malinowski, B. (1978). Argonautas do Pacífico Ocidental (2.ed.). São Paulo: Abril Cultural
Marangoni, S. R., & Oliveira, M. L. F. (2013). Fatores desencadeantes do uso de drogas de abuso em mulheres. Texto & Contexto – Enfermagem, 22(3), 662-670. doi: 10.1590/S0104-07072013000300012
Morgan, C., & Fuchs, A. M. S. L. (2016). “Invisibilidade perversa?": o atendimento socioeducativo privativo de liberdade feminino. Saúde & Transformação Social, 7(3), 108-120. Recuperado de http://stat.cbsm.incubadora.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/view/4206
Moscovici, S. (2011). Representações sociais: investigações em psicologia social (8.ed.). Petrópolis: Vozes
Nóbrega, M. P. S. S., & Oliveira, E. M. (2005). Mulheres usuárias de álcool: análise qualitativa. Revista da Saúde Pública, 39(5), 816-823. doi: 10.1590/S0034-89102005000500018
Oliveira, G. C., Dell’Agnolo, C. M., Ballani, T. S. L., Carvalho, M. D. B., & Pelloso, S. M. (2012). Consumo abusivo de álcool em mulheres. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33(2), 60-68. Recuperado de http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/17445
Oliveira, J. F., Nascimento, E. R., & Paiva, M. S. (2007). Especificidades de usuários(as) de drogas visando uma assistência baseada na heterogeneidade. Escola Anna Nery, 11(4), 694-698. doi: 10.1590/S1414-81452007000400022
Oliveira, J. F., Paiva, M. S., & Valente, C. L. M. (2006). Representações sociais de profissionais de saúde sobre o consumo de drogas: um olhar numa perspectiva de gênero. Ciência & Saúde Coletiva, 11(2), 473-481. doi: 10.1590/S1413-81232006000200024
Paulon, S. M. (2005). Análise de implicação como ferramenta na pesquisa-intervenção. Psicologia & Sociedade, 17(3), 18-25. doi: 10.1590/S0102-71822005000300003
Pegoraro, R. F., & Caldana, R. H. L. (2008). Mulher, loucura e cuidado: a condição da mulher na provisão e demanda por cuidados em saúde mental. Saúde e Sociedade, 17(2), 82-94. doi: 10.1590/S0104-12902008000200009
Pinheiro, R. S., Viacava, F., Travassos, C., & Brito, A. S. (2002). Gênero, morbidade, acesso e utilização de serviços de saúde no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 7(4), 687-707. doi: 10.1590/S1413-81232002000400007
Prado, M. A. M., & Queiroz, I. S. (2012). A emergência da politização da intimidade na experiência de mulheres usuárias de drogas. Estudos de Psicologia, 17(2), 305-312. doi: 10.1590/S1413-294X2012000200015
Roldán, M. C. B., Galera, S. A. F., & O'brien, B. (2005). Percepção do papel materno de mulheres que vivem em um contexto de drogas e violência. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 13(2). Recuperado de http://www.redalyc.org/html/2814/281421853004/
Santos, A. M. C. C. (2009). Articular saúde mental e relações de gênero: dar voz aos sujeitos silenciados. Ciência & Saúde Coletiva, 14(4), 1177-1182. doi: 10.1590/S1413-81232009000400023
Silva, M. G. B., & Lyra, T. M. (2015). O beber feminino: socialização e solidão. Saúde em debate, 39(106), 772-781. doi: 10.1590/0103-1104201510600030017
Thomaz, G. C., Oliveira, J. F., & Bispo, T. C. F. (2016). Vulnerabilidades no envolvimento feminino com drogas: um estudo com mulheres em situação de prisão. Revista Enfermagem Contemporânea, 5(2), 228-241. doi: 10.17267/2317-3378rec.v5i2.1042
Weber, F. (2009). A entrevista, a pesquisa e o íntimo, ou por que censurar seu diário de campo? Horizontes Antropológicos, 15(32), 157-170. doi: 10.1590/S0104-71832009000200007
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte conforme a licença CC-BY da Creative Commons.