´´Na hora de abrir as pernas não pensou´´: HIV, mulheres e vivências
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v8i2.18527Palavras-chave:
HIV, Imagem corporal, Iniquidade de gênero, Psicologia, SexualidadeResumo
Este trabalho objetiva compreender os significados atribuídos pelas mulheres que vivem com HIV, acerca das concepções de gênero, sexualidade e corpo, nas suas experiências após o diagnóstico. Para isso, foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas, com três mulheres, que vivem com HIV. Os resultados mostraram que as mulheres interlocutoras deste estudo vivenciaram situações de violações aos seus direitos, assim como de constrangimento e misoginia devido ao diagnóstico, seja nos serviços de saúde, seja na rede de relações afetivas. Ressalta-se que a vigilância à sexualidade e ao corpo das mulheres, somada à carga moral que o HIV carrega, são fatores que acarretam maior vulnerabilidade às situações de preconceito. Percebeu-se que o tempo de vivência e o ano de descoberta do HIV são marcadores importantes para entender a singularidade da experiência de cada mulher. A importância de se trabalhar as questões de gênero em práticas preventivas se mostrou necessária diante das concepções ainda presentes de que o casamento e as relações afetivo-sexuais fixas são fatores de proteção ao HIV. Almeja-se que as práticas de interação com as mulheres que vivem com HIV não reproduzam a lógica de preconceito e discriminação, e que o conhecimento possa desconstruir concepções que favoreçam a iniquidade de gênero. Ademais, espera-se que as mulheres que vivem com HIV encontrem na sociedade um espaço de inserção social, e que as condutas de cuidado para com elas sejam permeadas pelo acolhimento respeitoso e sensível, com a presença de vínculo, amparo e confiança, buscando tornar tal experiência a menos dolorosa possível.
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