Atuação da psicologia em desastre socioclimático: experiência em abrigo no RS
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v8i3.19938Palavras-chave:
emergências e desastres, inundações, psicologia, primeiros socorros psicológicosResumo
Este relato descreve a experiência de uma intervenção de profissionais e estudantes de Psicologia em contexto de emergência e desastre em um abrigo no maior desastre socioclimático da história do Rio Grande do Sul (RS). Em maio de 2024, o campus de uma universidade privada foi ocupado por cerca de 8.000 pessoas, o que exigiu participação intensa da sociedade civil. Esta intervenção foi capitaneada por seis professores de Psicologia juntamente com 111 voluntários da área, entre profissionais e estudantes de graduação. Foram organizados diferentes grupos de trabalho, em etapas que incluíram treinamento, contato com autoridades locais e Conselho Regional de Psicologia, organização de uma rotina diária e criação de métodos para registrar e comunicar informações cruciais. As primeiras ações implicaram em reunir todos voluntários para atuação integrada, estabelecer uma escala de trabalho, ter uma sala base de encontro, mapear recursos no abrigo e criar rotinas de autocuidado. Os passos seguintes foram articulação do trabalho com a rede, melhoria dos fluxos internos, atribuição de tarefas aos psicólogos, estagiários e acadêmicos e protocolo de registro para casos de acompanhamento contínuo (n = 213) compostas por 74% de mulheres (idade média = 35,60 anos; DP = 14,67; faixa etária de 4 a 82 anos), A intervenção da Psicologia durou um mês e foi substituída pelos serviços de saúde pública assim que possível. Os desafios envolveram a falta de treinamento prévio em gerenciamento de desastres e a ausência de planos de contingência governamentais, destacando a necessidade de investimentos na formação profissional da psicologia para atuação em emergências e desastres.
Downloads
Referências
Beja, M. J., Portugal, A., Câmara, J., Berenguer, C., Rebolo, A., Crawford,, C., & Gonçalves, D. (2018). Primeiros Socorros Psicológicos: intervenção psicológica na catástrofe. Psychologica, 61(1), 125-142. doi: 10.14195/1647-8606_61-1_7
Casa da Defesa Civil (2024, 31 de maio). Defesa Civil atualiza balanço das enchentes no RS - 31/5, 9h. Defesa Civil. Recuperado de: https://estado.rs.gov.br/defesa-civil-atualiza-balanco-das-enchentes-no-rs-31-5-9h
Chagas, G.; G1 RS; RBS TV & TV Globo (2024, 23 maio). População em abrigos no RS formaria cidade do tamanho de Venâncio Aires, uma das mais atingidas por cheia; veja dados. G1 RS. Recuperado de: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/05/23/populacao-em-abrigos-no-rs-formaria-cidade-do-tamanho-de-venancio-aires-uma-das-mais-atingidas-por-cheia-veja-dados.ghtml
Chiaverini, D. A. et al. (2011). Guia prático de matriciamento em saúde mental. Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 236 p.
Cogo, A. S.; César, A. V L; Prizanteli, C. C.; Jabur, E.; Hispagnol, I. G. R; Franco, M. H.; Rodriguez, M. I. F; & Torolho, P. R. D. (2015). A psicologia diante de emergências e desastres. In. M. H. P Franco (org.) A intervenção psicológica em emergências (p.15-47). São Paulo: Summus Editorial.
Conselho Federal de Psicologia. (2005). Resolução CFP n° 010/2005. Código de Ética Profissional do Psicólogo, XIII Plenário. Brasília, DF: CFP.
Conselho Federal de Psicologia- CFP. (2021) Referências técnicas para atuação de psicólogas (os) na gestão integral de riscos, emergências e desastres. Conselho Federal de Psicologia, Conselhos Regionais de Psicologia, Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (1ª ed.), Brasília: CFP.
Conselho Federal de Psicologia- CFP. (2024). Nota Técnica CFP Nº 22/2024 Atualização das orientações para a atuação de psicólogas e psicólogos nas fases de preparação, resposta e reconstrução em desastres. Recuperado de: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/ 2024/09/SEI_1812191_Nota_Tecnica_22.pdf
Coutinho, E. S. F., & Figueira, I. (2013). Atendimento psicológico às vítimas de catástrofes: estamos fazendo bem? Cad. Saúde Pública, 29(8), 1488-1490. doi:10.1590/0102-311XPE010813
Dell’Aringa, M., Ranzani, O., Bierens, J., & Murray, V. (2018). Rio’s Mountainous Region (“Região Serrana”) 2011 Landslides: Impact on Public Mental Health System. PLoS Currents, 25(10). doi: 10.1371/currents.dis.156b98022b9421098142a4b31879d866
Franco, M. H. P. (2012). Crises e desastres: a resposta psicológica diante do luto. O Mundo da Saúde, 36(1), 54-58. Recuperado de: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/mundo_saude /crises_desastres_resposta_psicologica_luto.pdf
Freitas, C. M. D., & Ximenes, E. F. (2012). Enchentes e saúde pública: Uma questão na literatura científica recente das causas, consequências e respostas para prevenção e mitigação. Ciência & Saúde Coletiva, 17(6), 1601–1616. https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000600023
Hermosilla, S., Forthal, S., Sadowska, K., Magill, E. B., Watson, P., & Pike, K. M. (2023). We need to build the evidence: A systematic review of psychological first aid on mental health and well-being. Journal of Traumatic Stress, 36(1), 5–16. https://doi.org/10.1002/jts.22888
Hodecker, M., & Alves, R. B. (2018). Estratégias da Psicologia para o gerenciamento de crises. PSI UNISC, 2(1), 61-75. doi:10.17058/psiunisc.v2i2.10922
Lemos, G. X. de, & Wise, I. R. B. (2023). Saúde mental e atuação de psicólogos hospitalares brasileiros na pandemia da covid-19. Psicologia: Ciência e Profissão, 1-15. doi: 10.1590/1982-3703003250675
Mussi, R. F. D. F., Flores, F. F., & Almeida, C. B. D. (2021). Pressupostos para a elaboração de relato de experiência como conhecimento científico. Práxis Educacional, 17(48), 1–18. doi:10.22481/praxisedu.v17i48.9010
Possato, A. L. C., & Pereira, B. dos S. (2022). Políticas Públicas de Saúde nas Emergências e Desastres: Contribuições da Psicologia. Cadernos de Psicologia 4(7), 524-541. https://doi.org/10.5281/ZENODO.13621071
Pranis, K. (2011). Círculos de justiça restaurativa e de construção da paz : guia do facilitador Porto Alegre. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: Departamento de Artes Gráficas. Recuperado de: https://www.mpmg.mp.br/data/files/16/17/27/34/65A9C71030F448C7860849A8/Circulos%20de%20Justica%20Restaurativa%20e%20de%20construcao%20da%20paz.pdf
Quartilho, M. J. R. (2020). Psiquiatria Social e Cultural: diálogos e convergência. Coimbra University Press. doi: 10.14195/978-989-26-1928-6
Rafaloski, A. R., Zeferino, M. T., Forgearini, B. A. O., Fernandes, G. C. M., & Menegon, F. A. (2021). Saúde mental das pessoas em situação de desastre natural sob a ótica dos trabalhadores envolvidos. Saúde em Debate, 44 (spe2), 230-241. doi: 10.1590/0103-11042020E216
Reidel, T.; Trentini, C. M.; Tschiedel, R.; Wagner, F; Schneider, J. J. e Wottrich, L. F. (2024). Ação Psico & Social: a efetivação de um espaço de cuidado no abrigo da ESEFID durante a situação de calamidade do RS. Revista de Extensão da UFRGS, v. 29, pp. 24-3. Recuperado de: https://www.ufrgs.br/prorext/wp-content/uploads/2024/09/ Revista-da-Extensao-29-para-impressao-1.pdf
Ribeiro, M. P., & Freitas, J. d. L. (2020). Atuação do Psicólogo na Gestão Integral de Riscos e Desastres: Uma Revisão Sistemática da Literatura. Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia, 13(2), pp. 1-20. doi: 10.36298/gerais202013e14794
Rizzotto, M. L. F., Costa, A. M., & Lobato, L. D. V. D. C. (2024). Crise climática e os novos desafios para os sistemas de saúde: O caso das enchentes no Rio Grande do Sul/Brasil. Saúde em Debate, 48(141), e141ED. doi:10.1590/2358-28982024141edp
Sá, S. D., Werlang, B. S. G., & Paranhos, M. E. (2008). Intervenção em Crise. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 4(1). doi: 10.5935/1808-5687.20080008
Tosta, L. R. O., Silva, T. B. F., & Scorsolini-Comin, F. (2016). O relato de experiência profissional e sua veiculação na ciência psicológica. Clínica & Cultura, 5(2), 62-73. Recuperado de: https://seer.ufs.br/index.php/clinicaecultura/article/view/6016
World Health Organization. Health Action in Crises Cluster. (2007). Risk Reduction and Emergency Preparedness: WHO Six-year Strategy for the Health Sector and Community Capacity Development. World Health Organization. Recuperado de: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/43736/9789241595896_eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Yeager, K. R., & Roberts, A. R. (2015). Crisis Intervention Handbook (4 ed..). Oxford University Press. Recuperado de: http://ndl.ethernet.edu.et/bitstream/123456789/35660/1/26.pdf
Weintraub, A. C. A. M., Noal, D. S., Vicente, L. N. & Knobloch, F. (2015). Atuação do psicólogo em situações de desastre: reflexões a partir da práxis. Interface 19 (53), abr-jun. Recuperado de: https://www.scielo.br/j/icse/a/S93NrSt5qkXvRC9Q4mxYMJC/
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte conforme a licença CC-BY da Creative Commons.