Percepção de cuidadores sobre a medicalização da infância e adolescência
DOI:
https://doi.org/10.17058/rips.v1i3.12896Palavras-chave:
Medicalização, Infância, CuidadoresResumo
Objetivo: indagar a relação entre a medicalização e o ato de cuidar que é exercido por cuidadores de crianças e adolescentes atendidos em serviços de saúde mental. Método: desse modo, buscou-se perceber as produções de sentido sobre o cuidado no que se refere à medicalização a partir da perspectiva desses cuidadores (pais ou responsáveis). Utilizou-se a Análise do Discurso para compreensão da produção simbólica desses sujeitos através de entrevistas semiestruturadas. Resultados e conclusão: foi evidenciado o início precoce do uso de psicotrópicos; o processo de medicalização não está restrito aos profissionais da medicina, as dificuldades dos pais e das crianças de elaborarem as mudanças e momentos conturbados na vida tendem a ser medicados; problemas somáticos dos cuidadores e estresse também são relatados prévios a medicação dos filhos; dependência psicológica das medicações por parte dos pais ou cuidadores. Essas falam corroboram a complexidade dos fenômenos vividos por essas crianças e adolescentes medicadas, pois, muitas vezes, medica-se dificuldades vividas por sujeitos que são de uma outra ordem que não a biológica.
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