Percepção de cuidadores sobre a medicalização da infância e adolescência

Autores

  • Jerto Cardoso Silva Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC - Rio Grande do Sul
  • Mariana Hintz Moraes UNISC
  • Caroline Forati Mendes Unisc

DOI:

https://doi.org/10.17058/rips.v1i3.12896

Palavras-chave:

Medicalização, Infância, Cuidadores

Resumo

Objetivo: indagar a relação entre a medicalização e o ato de cuidar que é exercido por cuidadores de crianças e adolescentes atendidos em serviços de saúde mental. Método: desse modo, buscou-se perceber as produções de sentido sobre o cuidado no que se refere à medicalização a partir da perspectiva desses cuidadores (pais ou responsáveis). Utilizou-se a Análise do Discurso para compreensão da produção simbólica desses sujeitos através de entrevistas semiestruturadas. Resultados e conclusão: foi evidenciado o início precoce do uso de psicotrópicos; o processo de medicalização não está restrito aos profissionais da medicina, as dificuldades dos pais e das crianças de elaborarem as mudanças e momentos conturbados na vida tendem a ser medicados; problemas somáticos dos cuidadores e estresse também são relatados prévios a medicação dos filhos; dependência psicológica das medicações por parte dos pais ou cuidadores. Essas falam corroboram a complexidade dos fenômenos vividos por essas crianças e adolescentes medicadas, pois, muitas vezes, medica-se dificuldades vividas por sujeitos que são de uma outra ordem que não a biológica.

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Biografia do Autor

Jerto Cardoso Silva, Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC - Rio Grande do Sul

Docento do Departamento de Psicologia da UNISC

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Publicado

2018-09-03

Como Citar

Silva, J. C., Moraes, M. H., & Mendes, C. F. (2018). Percepção de cuidadores sobre a medicalização da infância e adolescência. Revista Interdisciplinar De Promoção Da Saúde, 1(3), 153-162. https://doi.org/10.17058/rips.v1i3.12896

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL