É a partir da existência de traduções que obras estrangeiras passam a ser conhecidas por novos leitores, anteriormente impossibilitados de ter acesso a determinados conteúdos e informações. Uma tradução, nesse sentido, passa a participar da cultura de recepção em que está inserida, trazendo “alguma coisa de novo para o sistema literário e aí funciona nem sempre do mesmo modo do que na literatura original” (CARVALHAL, 2003, p. 230). Isso indica que não apenas os conhecimentos linguísticos, mas também as historicidades do par de línguas envolvidas no processo tradutório, suas culturas e cosmovisão (PAZ, 1990) precisam ser levados em conta para que o texto traduzido alcance seu novo público. Assim sendo, traduzir é uma maneira de dialogar com o outro, lançando um olhar descentralizador e positivo para com a dessemelhança. Por outro lado, de acordo com Santos (2002, p. 37), a tradução é “um trabalho emocional porque pressupõe o inconformismo perante uma carência decorrente do caráter incompleto ou deficiente de um dado conhecimento ou de uma dada prática”. Essa incompletude, que está na base da condição humana – a necessidade de comunicação, desde sempre falha – faz-nos perseguir, paradoxalmente, a perfeita compreensão por meio de palavras. |
|