Uma miopia moral: A análise sensível do sertão de Miguilim

Autores

  • Denise Ferreira de Araújo Schittine Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.17058/signo.v42i74.8594

Palavras-chave:

Literatura brasileira. João Guimarães Rosa. Fabulação.

Resumo

O presente artigo trata do deslocamento apontado por Merleau-Ponty do campo da razão para os caminhos do sensível através do olhar míope do personagem Minguilim, da novela “Campo Geral”, de João Guimarães Rosa. Usando como fio condutor a deficiência visual da personagem principal vamos acompanhá-lo na transição do mundo infantil para o mundo adulto. Nesse percurso do microsaber (olhar das miudezas) para o macrosaber (o olhar turvo), Minguilim encontra passagens através de adultos como o alegre seu Aristeu e a contadora de histórias Siàrlinda ou do discurso do irmão Dito, que consegue conversar com os mais velhos. Em oposição ao “falar”, Minguilim desenvolve o “olhar” numa percepção do mundo que passa pela observação do detalhe. Sua mirada, que entrega ao leitor uma lupa, limita a sua visão para fora, mas a expande para dentro retornando à camada do sensível e encontrando o poder poético. Há duas travessias no texto: o luto pela perda do irmão Dito e a descoberta da beleza de Mutum através do uso dos óculos, emprestados por um estranho. É por meio de dicotomias básicas entre as cores e o negro, o perto e o longe, o visto e o não visto, a fé e o luto, o lúdico e o real que o menino realiza os seus primeiros questionamentos e a sua entrada ao universo dos adultos. Miguilim vai encontrar as respostas ao enfrentar o pai e a doença e pelo alargamento da visão e da linguagem proposto com maestria por Guimarães Rosa.

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Biografia do Autor

Denise Ferreira de Araújo Schittine, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Denise Schittine departamento de Letras área de Literatura Brasileira

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Publicado

2017-05-26

Como Citar

Schittine, D. F. de A. (2017). Uma miopia moral: A análise sensível do sertão de Miguilim. Signo, 42(74), 20-30. https://doi.org/10.17058/signo.v42i74.8594

Edição

Seção

vol. 42, nº 74 – Guimarães Rosa