EFEITO AGUDO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL SOBRE A VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE ADULTOS JOVENS HÍGIDOS

Vanessa de Mello Konzen, Vanessa Etges Schuster, Ricardo Meirelles Borba, Dulciane Nunes Paiva, Dannuey Machado Cardoso

Resumo


O sistema nervoso autônomo (SNA) desempenha papel importante na regulação dos processos fisiológicos do organismo, podendo ser avaliado através da variabilidade de frequência cardíaca (VFC). Alguns estudos tem proposto a utilização da estimulação elétrica funcional (FES - Functional Electrical Stimulation) como método adjuvante na reabilitação de pacientes cardiopatas, sendo mais eficaz em pacientes com insuficiência cardíaca sintomática grave, melhorando a adesão desses aos Programas de Reabilitação. A inatividade física é comum nos portadores insuficiência cardíaca crônica (ICC) e contribui para a sua progressão e nesse sentido, há evidências da eficácia da FES nos estágios avançados de ICC, constituindo-se em alternativa promissora no manejo dessa população, podendo ocasionar incremento na função endotelial, capacidade de exercício, desempenho muscular, perfil neuro-hormonal e sobre o estresse emocional. Objetivou-se avaliar o efeito agudo da FES sobre a VFC de adultos jovens hígidos. Trata-se de estudo transversal que submeteu adultos jovens hígidos a aplicação de FES em um única sessão. A FES (modelo Dualpex 961, Quark®, Brasil) foi aplicada nos músculos vasto medial e reto femoral do membro inferior dominante com corrente pulsada bifásica simétrica, frequência de 80 Hz, largura de pulso de 500 µs, rampa de subida e descida de 2 segundos, tempo de contração e de repouso de 5 segundos e intensidade aumentada gradualmente com incremento de 1mA conforme tolerância. O posicionamento dos eletrodos foi realizado após teste de mapeamento muscular para determinação do ponto motor de cada músculo. Para monitoração da FC (FC Polar® Finlandia) a alça do monitor foi fixada ao redor do tórax, sendo a mesma realizada durante 5 min sempre antes e após a aplicação da FES, com os indivíduos em repouso e em posição sentada. O sinal foi automaticamente salvo como intervalo RR e analisado pelo software Kubios HRV (Heart Rate Variability Analysis Software, versão 2.2). Dados analisados através do software SPSS (versão 20.0) e descritos em mediana (intervalo interquartil) após avaliação da normalidade através do teste de Shapiro-Wilk. Teste t Student avaliou a VFC antes e após as sessões de FES. Principais resultados: Amostra (n=12) com idade de 22,9 ± 2,9 anos e índice de massa corpórea (IMC) de 25,0 ± 3,9 Kg/m2. A FES ocasionou variação da VFC no sistema nervoso simpático pré: 1308,7 ms² (603,6-2750,2) e pós: 2149,0 ms²  (896,9-3073,7) (p=0,002), no sistema nervoso parassimpático pré: 337,2 ms²  (200,6-1505,5) e pós: 505,4 ms²  (379,9-1964,5) (p=0,071) e no balanço simpatovagal pré: 3,5 (1,3-6,7) e pós: 5,4 (3,1-5,9) (p=0,019). Nossos resultados demonstram que a FES ocasiona efeito agudo significativo sobre a modulação autonômica cardíaca simpática e sobre o balanço simpatovagal de indivíduos hígidos.

 

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