EFEITO DE INSETICIDAS UTILIZADOS NA CULTURA DO TABACO SOBRE HABROBRACON HEBETOR (HYMENOPTERA: BRACONIDAE), PARASITOIDE DE EPHESTIA ELUTELLA (LEPIDOPTERA: PYRALIDAE)

Patricia Kumm, Cleder Pezzini, Andreas Kohler

Resumo


Os métodos atualmente utilizados no controle de insetos praga na cultura do tabaco convencional se baseiam, principalmente, na utilização de agroquímicos, devido à facilidade na aplicação, rapidez de ação e economia. Entretanto, esse método apresenta uma série de desvantagens, nessa circunstância, o controle biológico possui um papel fundamental com uma alternativa na redução do uso de agrotóxicos. Ephestia elutella Hübner, 1796 é uma das pragas mais importantes do tabaco armazenado, causando perdas na qualidade e peso do produto, seu inimigo natural é o ectoparasitoide Habrobracon hebetor Say, 1836. A importância da preservação desse inimigo natural no ecossistema agrícola, juntamente com a necessidade do uso de inseticidas seletivos no manejo de pragas, levou a estudos de compatibilidade entre as formas de controle. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos principais inseticidas utilizados na cultura do tabaco, sobre H. hebetor. Para observar o efeito dos inseticidas no parasitoide se utilizou três produtos (EVIDENCE® 700 WG, CONFIDOR® SUPRA e TALSTAR® 100 EC). Com o intuito de analisar a taxa de mortalidade do parasitoide se utilizou como base a dose comercial indicada para o controle dos insetos praga do tabaco, mensurando uma concentração dez vezes mais forte, além de diluições (10, 100, 1.000, 10.000, 100.000 vezes), para observar efeitos letais e subletais. As doses foram aplicadas no interior de placas de Petri, onde após foram inseridas dez fêmeas adultas (<24 h de vida). A avaliação da mortalidade foi realizada 3, 6, 12, 24, 48 e 72 horas após a exposição. Para cada tratamento foram feitas cinco repetições. Para avaliar a resposta funcional do parasitoide, fêmeas adultas (<24 h de vida) ficaram expostas por 24 h aos inseticidas na dose 10 vezes diluída. Após, cinco fêmeas que estavam vivas foram transferidas individualmente para placas de Petri contendo diferentes densidades de Ephestia kuehniella Zeller, 1879 (5, 10, 15, 30 e 60 larvas). Após 24 h foi contabilizado o número de larvas paralisadas. Depois de 72 horas de exposição dos parasitoides aos inseticidas na dose comercial, observou-se um efeito nocivo médio de Evidence e Confidor sobre as vespas, com mortalidade entre 56% e 46% respectivamente, e para Talstar de 18%. Na dose dez vezes mais forte, a porcentagem de mortalidade foi extremamente alta já nas primeiras seis horas, chegando a 94% (Evidence) e 86% (Confidor), após 72 horas, já a taxa de mortalidade sobre o efeito de Talstar não se diferenciou da concentração comercial. Não foi observado nenhum efeito dos inseticidas sobre a mortalidade do parasitoide nas doses diluídas (inócuo). Após a realização do experimento avaliando a resposta funcional do parasitoide na busca do hospedeiro, pode-se concluir que H. hebetor apresenta uma resposta funcional do Tipo II, verificando-se, além disso, que os três inseticidas não alteraram o tipo de resposta, mostrando que as fêmeas são capazes de paralisar altas densidades de larvas independente do contato com os inseticidas. Sendo assim, a escolha do princípio ativo e dosagem de um inseticida para o controle de pragas no ambiente agrícola são fundamentais tanto para o controle dos insetos praga bem como para a preservação dos agentes de controle natural, devendo ser feita de maneira cautelosa, visando à preservação desses inimigos naturais no ecossistema, contribuindo assim, para o sucesso do controle biológico.


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