APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA DE TRABALHADORES INDUSTRIÁRIOS: A INFLUÊNCIA DE DIFERENTES POSIÇÕES LABORAIS

Marcelo Henrique Glanzel, Carine Muniz, Luiza Müller Schmidt, Patrik Nepomuceno, Miriam Beatrís Reckziegel, Hildegard Hedwig Pohl

Resumo


Muitos problemas relacionados à saúde ocupacional estão ligados à postura adotada durante a jornada de trabalho, principalmente quando estas são mantidas por um longo período. Trabalhadores da indústria, geralmente, exercem suas funções com predominância de postura ortostática e/ou sentada. A primeira exige um trabalho estático da musculatura envolvida, sendo necessários níveis de tensão muscular. A postura sentada é a mais utilizada em funções administrativas enquanto nas operacionais predomina a ortostática, ambas geram sobrecarga na coluna lombar. Ambas possuem demandas sobre o corpo humano, a posição ortostática requer um trabalho muscular com maior duração para na manutenção da postura estática, enquanto a posição sentada aumenta a pressão intradiscal, elevando as possibilidades de risco de lesões no disco intervertebral. Cargas na coluna são sempre maiores na posição sentada. Este estudo transversal tem como objetivo caracterizar os níveis de aptidão cardiorrespiratória de trabalhadores industriários em diferentes posições laborais. Foram avaliados 39 trabalhadores (12 homens e 27 mulheres) da indústria do município de Santa Cruz do Sul, na faixa etária de 26 a 50 anos. Estes sujeitos integraram o projeto “Novas abordagens para o diagnóstico de doenças em trabalhadores e escolares”. A coleta constou de aplicação de questionário de Estilo de Vida do qual foram utilizadas informações de dados pessoais e ocupacionais, e de avaliação da aptidão cardiorrespiratória por teste ergoespirométrico utilizando protocolo Bruce modificado. Os sujeitos foram divididos em dois grupos segundo a postura laboral predominante (em pé - G1 e sentado/alternado - G2) e o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) foi classificado em acima e abaixo da média. A análise dos dados constou de estatística descritiva (frequência, média e desvio padrão) e analítica através do teste t de Student, considerando p<0,05. O G1 com idade média de 38,6±6,1 anos e o G2 35,0±5,53 anos, ambos com predomínio do sexo feminino, 56% e 92,9%, respectivamente. Os dados indicaram que 64,1% dos trabalhadores pertencem ao G1, e destes 41% apresentaram o VO2máx acima da média. Enquanto que no G2 17,9% obtiveram o mesmo resultado. Houve uma diferença significativa entre as médias de VO2máx dos G1 (36,99±12,06) e G2 (31,16±5,28). Como se pode observar o maior número de trabalhadores do G1 obteve classificação mais positiva em relação à aptidão cardiorrespiratória, indicando assim que a postura pode influenciar nestes resultados. Sugere-se para novos estudos ampliar o espectro da análise considerando posturas em pé estáticas e dinâmicas assim como os dados de atividades de lazer.

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