MAIS DO MESMO? SALA DE AULA INVERTIDA NO ENSINO DE LÍNGUAESTRANGEIRA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

Marta Helena Blank Tessmann

Resumo


Novas tecnologias e, por conseguinte, novas metodologias tem surgido quando o assunto é educação. Mas será que essas metodologias são realmente novas? Ou será que o que tem se apresentado hoje em dia é “mais do mesmo”? O que há de tão especial em uma aula na qual o professore opera uma lousa digital? Não seria o mesmo que escrever no quadro negro? Pois bem, este estudo traz uma reflexão sobre as metodologias ativas, mas especificadamente ensino híbrido, ou blended learningna modalidade da sala de aula invertida e como isso tem acontecido na aula de língua estrangeira no ensino médio integrado no IFSul – Câmpus Camaquã.

Para uma melhor compreensão deste estudo, é importante conceitualizar ensino híbrido ou blended learning[i], que segundo pesquisadores do Clayton Christensen Institute (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013) é um método que mescla o ensino tradicional com a tecnologia digital. De acordo com esses autores, o ensino híbrido “é um programa de educação formal no qual o estudante tem controle sobre o tempo, lugar, modo/ritmo de estudo”. Parte do estudo pode ser feito em casa e parte em uma localidade física supervisionada, no caso a escola. Para Bacich et al, 2015 p. 51, “A expressão ensino híbrido está enraizada em uma ideia de educação híbrida, em que não existe uma forma única de aprender e na qual a aprendizagem é um processo contínuo, que ocorre de diferentes formas, em diferentes espaços”.

No ensino híbrido o professor não é mais o único responsável pelo aprendizado do aluno. O aluno é o protagonista do seu aprendizado.

O ensino híbrido tem como objetivo principal construir uma prática pedagógica inovadora que potencialize o aprendizado dos alunos por meio de tecnologias digitais.

Vale lembrar que a presença das tecnologias na sala de aula não dispensa a presença do professor, mas modifica o seu papel que é de ser um arquiteto do conhecimento e necessita mostrar aos alunos as diferentes formas de construí-lo.

O aluno tem papel central e autônomo na prática de ensino híbrido. Para que isso realmente se efetive, é importante compreender o perfil do estudante no século XXI.

De acordo com Venn, W; Vrakking, B. (2009), dependendo do tipo de estímulo que os alunos recebem desde pequenos, eles possuem maior controle sobre o fluxo e a sobrecarga de informações. Diz-se que os alunos, hoje em dia, são multitarefados, pois conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo mantendo o foco na coisa que é prioritária. Além disso, usam da tecnologia digital nas suas vidas diariamente facilitando a busca inquietante por novos conteúdos. Em se tratando de aspectos sociais, estes estudantes ampliam a sua vida social real em comunidades virtuais, colaboram em rede e deixam de ser meros usuários passando a ser produtores de conteúdos.

Para prática do ensino híbrido, o Instituto Clayton Christensen propõe quatro tipos estruturantes: Rotação por estações; Laboratório rotacional; Sala de aula invertida e Rotação individual. Neste estudo será tratado apenas sobre sala de aula invertida.

Sala de aula invertida pode ser vista por muitos como uma metodologia bem antiga de ensino. Nela a teoria é estudada em casa, no formato on-line, por meio de leituras e vídeos, enquanto o espaço da sala de aula é utilizado para discussões, resolução de atividades, entre outras propostas. No entanto, podemos considerar algumas maneiras de aprimorar esse modelo, envolvendo a descoberta, a experimentação, como proposta inicial para os estudantes, ou seja, oferecer possibilidades de interação com o fenômeno antes do estudo da teoria. Diversos estudos têm demonstrado que os estudantes constroem sua visão sobre o mundo ativando conhecimentos prévios e integrando as novas informações com as estruturas cognitivas já existentes para que possam, então, pensar criticamente sobre os conteúdos ensinados. Essas pesquisas também indicam que os alunos desenvolvem habilidades de pensamento crítico e têm uma melhor compreensão conceitual sobre uma ideia quando exploram um domínio primeiro e, a partir disso, têm contato com uma forma clássica de instrução, como uma palestra, um vídeo ou a leitura de um texto. O que faz com que essa metodologia seja considerada inovadora, além da postura mediadora do professor e da aula centrada no aluno, é o uso de atividades on-line.

Na sala de aula de língua inglesa, no Ensino Médio Integrado do IFSul Câmpus Camaquã, essa prática tem sido constante. Os alunos, além de serem divididos por níveis de conhecimento, são apresentados ao ensino híbrido e trabalham com o ETEC Idiomas, que é um programa de ensino de línguas à distância concebido e produzido pela Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, via SE-TEC /MEC e CONIF. Este programa possibilita a capacitação de estudantes e servidores em uma língua estrangeira.A partir de uma perspectiva de abordagem comunicativa e intercultural da linguagem, são desenvolvidas as competências previstas no Quadro Europeu Comum de Referências para Línguas Estrangeiras, sendo os conteúdos distribuídos em módulos (Níveis A1, A2 e B1). As aulas são disponibilizadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem onde o estudante é convidado a embarcar em aventuras emocionantes, divididas em episódios, com os personagens do curso de inglês. Assim, seguindo o tipo estruturante de ensino híbrido, sala de aula invertida, os alunos tem contato com o conteúdo da aula dias antes da aula acontecer, de maneira que estejam preparados para participar mais efetivamente das aulas de língua inglesa.

Com essa metodologia, entende-se que há maior integração entre mundo virtual , escola, mundo real. É usada uma linguagem que aproxime mais os alunos, desperte interesse, dê autoria como nas redes sociais. Muitas questões impactam na educação híbrida: não é só o mix de virtual com o presencial.


[i]Blended learning veio traduzido para o português como “ensino híbrido”, entretanto tem-se discutido entre os pesquisadores que utilizam essa metodologia no Brasil de que o termo correto seria “ensino e aprendizagem híbridos”


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ISSN 2965-0615