ARMÁRIO DE VIDRO E AS CHAVES PERDIDAS: SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS E DIREITOS SEXUAIS DA POPULAÇÃO LGBT
Resumo
A mídia escrita online é um dos meios de comunicação de maior visibilidade e representatividade no mundo. Um dispositivo que (re)produz e circula matrizes discursivas dos fenômenos em seus momentos históricos e culturais. Os atravessamentos sobre gênero e sexualidades da população LGBT perpassam os caminhos das pluralidades e das singularidades, e são imbuídas de interconexões entre o público e o privado nas políticas públicas e sociais. Pensando nas questões de gênero e sexualidade da população LGBT em cidades de pequeno porte o presente artigo apresenta a pesquisa que analisou reportagens veiculadas pela mídia escrita online, em um jornal do interior do Rio Grande do Sul, sobre fatos ou opiniões relacionadas a essa população, problematizando os escritos veiculados e tomando como norteadores as noções de discurso do filósofo francês Michel Foucault, de performatividade de gênero e de cisheteronormatividade e refletindo sobre as políticas públicas destinadas a garantir os direitos dessas populações. Apresentaremos uma forma de realizar pesquisa sobre e temática utilizando a combinação gramatical entre armário e vidro em decorrência dos jogos linguísticos disponíveis para abordar a complexidade da população LGBT. O garimpo jornalístico encontrou 44 reportagens envolvendo os discursos de gênero e sexualidade em seus enunciados e textos abarcando o período entre setembro de 2014 e junho de 2016. A partir da análise das reportagens apresentamos a primeira grande categoria: “Abrem-se alguns armários”, que aborda o momento histórico escolhido para iniciar a análise, ou seja, o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo no município e também um ano de eleições presidenciais que alavancaram a discussão sobre políticas públicas LGBT. Dentro desta categoria, elencamos quatro subcategorias: “Armário de vidro blindado”, abarcando homens gays cisgêneros. Para discutir os discursos envolvendo a população de travestis utilizamos a analogia com o “Armário de vidro temperado estilhaçado”. O “Armário de vidro transparente acústico” aborda gênero e sexualidade de pessoas transexuais. Ao falarmos sobre as mulheres lésbicas cisgêneras escolhemos o “Armário de vidro fumê”. As reportagens enlaçando LGBTs e propagandas comerciais intitulou a subcategoria “Armário de vidro cristal”. Por fim, na categoria intitulada “Direitos sexuais, direitos humanos e políticas públicas: encontrando as chaves perdidas dos armários”, buscamos propor uma reflexão sobre a luta por direitos, avanços e lacunas nas políticas públicas e sociais para LGBTs.
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