O BRINCAR EM SUA DIVERSIDADE NA CLÍNICA CONTEMPORÂNEA: ESTUDOS CLÍNICOS

Caroline Maria Nunes, Edna Linhares Garcia

Resumo


Este trabalho apresenta reflexões sobre a necessidade de (re)afirmação da importância da utilização do brincar como um método terapêutico para o atendimento infantil na clínica psicanalítica contemporânea. A relevância deste tema está em considerar que ao longo do tempo, a brincadeira passou a ser introduzida no setting terapêutico, e mesmo num contexto atual de uma infância tecnológica, o brincar continua sendo por excelência, na clínica psicanalítica, a ponte entre o mundo adulto e o mundo da criança. A partir da Psicanálise a criança passou a ser reconhecida como um ser humano com desejos, angústias e fantasias inconscientes e o brincar considerado como um viés para o entendimento da manifestação de determinados conteúdos e conflitos psíquicos. Nesta dimensão, cabe ao terapeuta a capacidade de auxiliar a criança para clarificar seus conflitos, assegurando-lhe um suporte para suas diversas formas do brincar. Objetiva-se no presente trabalho, por meio de fragmentos de dois casos clínicos com crianças, submetidos à supervisão e atendidos no decorrer deste semestre em um Serviço – Escola de uma universidade do interior do Rio Grande do Sul, evidenciar a importância do brincar para a condução do tratamento, discorrendo sobre os principais conceitos que sustentam a técnica fundamental da associação livre que, na escuta dirigida a criança tem no brincar a sua especificidade. Metodologicamente, este trabalho se fundamenta na escuta psicanalítica e no estudo bibliográfico, de modo a possibilitar reflexões teóricas sobre a prática clínica realizada com crianças. Como resultados apontamos através do recorte bibliográfico, algumas construções teóricas na história dos conceitos que fundamentam o brincar como método de acesso ao inconsciente da criança, bem como demonstramos como a diversidade do brincar permanece sendo um recurso indispensável para escutar e cuidar do sofrimento psíquico trazido pelas crianças atendidas. Consideramos que nos casos clínicos analisados tornou-se evidente que apenas pelo brincar foi possível às crianças expressarem suas demandas, bem como o seu sofrimento psíquico emergente daquele momento. Além disso, percebeu-se que o brincar é capaz de auxiliar a criança a atribuir significado sobre aquilo que está sendo expressado pela mesma, servindo como um importante instrumento para o progresso do tratamento. Assim, o setting terapêutico deve continuar sendo a construção de um espaço onde o brincar, em suas diversidades, seja por excelência o recurso para a escuta da criança em sofrimento psíquico. Palavras-Chave: Brincar. Psicanálise infantil. Psicologia clínica. Escuta psicanalítica. Interpretação de casos clínicos.

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