A EXPERIÊNCIA NO LUGAR DA (CO)GESTÃO EM SAÚDE NA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA

Sharyel Barbosa Toebe, Itauane de Oliveira

Resumo


Este trabalho é escrito com o objetivo de processo de reflexão sobre o lugar do psicólogo na gestão das políticas do SUS e a importância da experiência neste espaço na formação em Psicologia. Trata-se de uma reflexão realizada a partir do lugar de estagiárias, tendo em vista que o mesmo nos proporciona a liberdade do questionamento, mas também, algumas limitações referentes às nossas ações e práticas. O ponto de partida de nossa reflexão é o ingresso no segundo ano do estágio curricular em Psicologia da UNISC, sendo a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde o campo ao qual nos inserimos, mais especificamente o Núcleo de Ações em Saúde.  Neste campo, acompanhamos as ações realizadas por duas profissionais da psicologia, que trabalham com a práxis do apoio institucional, o que nos levou a indagar as possíveis construções que este saber psicológico pode realizar neste importante espaço do SUS.  A partir destas indagações, nos propusemos a problematizar a intersecção da psicologia com o SUS, sendo que para isso realizamos uma busca teórica acerca da regionalização em saúde, procurando compreender de que modo à gestão do SUS está organizada, bem como a compreensão da práxis do apoio institucional em si. A metodologia do apoio institucional é uma valiosa ferramenta no sentido de democratizar os processos de gestão, auxiliando no aumento da autonomia dos sujeitos, propiciando espaços onde seja possível planejar ações e intervenções coletivamente. Assim, há uma ruptura com as tradicionais formas de fazer gestão, buscando a criação e a construção de uma gestão coletiva, participativa e menos hierárquica, onde não há uma supremacia de saber, mas sim, uma complementariedade de ideias, práticas e conhecimentos. Desse modo, os gestores do SUS, tanto a nível federal, estadual ou municipal, desempenham um papel fundamental no modo como é desenhado às práticas de atenção à saúde por meio da gestão das políticas públicas, porém, contudo, não governam sozinhos. É imprescindível compreender que assim como os gestores, os trabalhadores e usuários do SUS também são responsáveis pelo governo das políticas de saúde, e sabendo fazer uso das estratégias corretas, podem ampliar essa capacidade de governabilidade, contribuindo para que haja uma transformação nas práticas de saúde. Dessa forma, os serviços de saúde são espaços onde há a intervenção de diferentes atores, que a partir de sua capacidade de autogoverno, tencionam a polaridade existente entre autonomia e poder. Por conseguinte, levando em conta tais considerações, nos lançamos no desafio de delinear possíveis caminhos onde seja possível construir espaços onde o saber e a escuta própria da psicologia possa contribuir de maneira valiosa na construção de uma gestão do SUS democrática, coletiva e equânime. Concluímos que pensar e praticar a (co)gestão em saúde no SUS é um posicionamento ético-político desse fazer e não somente uma forma de trabalho, cabendo a nós profissionais e futuros profissionais de psicologia, escolher ao que nos aliamos, e quais são os movimentos e intercessões que fazemos entre a Psicologia e o SUS, compactuado, assim como se espera dos gestores, compromissos coletivos.

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