VIOLÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR: UMA ANÁLISE ACERCA DO ADOLESCENTE AGRESSOR
Resumo
Introdução: O bullying, sendo “uma subcategoria bem delimitada de agressão ou comportamento agressivo, caracterizado pela repetitividade e assimetria de forças” (OLWEUS, 1993 apud BANDEIRA; HUTZ, 2010, p. 132), é uma prática que permeia o cotidiano de adolescentes. O agressor é caracterizado por almejar poder e dominação, não desenvolver empatia com o outro e ter comportamento à favor da violência (MATOS E GONÇALVES, 2009). Entretanto, é recorrente a inversão de papéis vítima/agressor; o sujeito que sofre a violência, muitas vezes, começa a perpetuar sua prática também (ZEQUINÃO et al., 2016). Assim, é necessário entender a dinâmica do bullying. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa quantitativa e transversal. Aplicaram-se questionários objetivando compreender a vivência de agressões no ambiente escolar praticadas por pares. Participaram da pesquisa 110 estudantes de 2° e 3° anos de duas escolas públicas de E.M. de Santa Maria. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos da UFSM (CAAE no65897817.5.0000.5346) e autorizado pelas escolas. Preconizou-se a assinatura do TCLE pelos participantes maiores de idade ou pais de menores de 18 anos, e assinatura do Termo de Assentimento por parte dos estudantes. Após, foi solicitada e aprovada a dispensa do TCLE junto ao Comitê de Ética, para estudantes com 16 e 17 anos. A análise estatística descritiva dos dados foi realizada através do programa SPSS. Resultados e Discussão: No questionário, existem 12 questões sobre o participante ter agido como agressor. A análise demonstrou que 47,3% dos participantes já havia apelidado de maneira pejorativa algum colega ou grupo de colegas, sem que estes tenham gostado; 42,7% declararam já ter batido ou chutado um colega ou grupo de colegas de propósito; 31,8%, já ter isolado ou excluído algum colega ou grupo de colegas de seu grupo social dentro da escola; 29,1% afirmaram já ter ameaçado algum estudante ou grupo de estudantes dentro da escola; 21,8% já havia espalhado boatos e fofocas sobre algum colega ou grupo de colegas; cerca de 16,4% já danificaram algum material escolar ou objeto de um colega ou grupo de colegas propositalmente na escola; 10% já roubaram material escolar ou objeto de um colega ou grupo de colegas dentro da escola; 8,2% já jogaram uma pedra em um colega ou grupo de colegas, tentando machucar. Com menor frequência, as afirmações "Você agrediu fisicamente um estudante ou grupo de estudantes ao ponto de eles terem que fazer um curativo ou ir ao pronto atendimento?", "Você já enviou mensagens ou ameaças, anônimas ou não, através da internet ou do celular?" foram verdadeiras para 6,4% dos adolescentes. Por fim, as assertivas "Você já espalhou fotos, vídeos ou mensagens constrangedoras sobre algum colega?" e "Você já tentou ou conseguiu ferir com canivete ou algum objeto pontiagudo algum colega ou grupo de colegas?" foram verdadeiras para 5,5% e 3,6%, respectivamente. Conclusão: Nota-se que apelidar, bater, excluir, ameaçar foram as agressões mais comumente praticadas pelos entrevistados, sendo que, em maioria, estes dados constituem-se como práticas que causam sofrimento psicológico. Questões materiais apresentaram menores frequências. Os resultados apontam para uma grande presença de estudantes agressores no contexto escolar. Dessa forma, nota-se a necessidade de intervenções escolares que propiciem uma nova formação de comportamento para os agressores, colaborando para a formação de um ambiente mais salutar.
Palavras-chave
Violência; Adolescente; Agressão.
Texto completo:
PDFApontamentos
- Não há apontamentos.