A ANÁLISE INSTITUCIONAL ENQUANTO MÉTODO DE PESQUISA EM UM COMPLEXO DE ACOLHIMENTO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL (RS)
Resumo
Através da Resolução nº 109, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2009, p. 30) estabelece que os Serviços de Acolhimento Institucional para adultos e famílias tem como objetivo realizar o acolhimento provisório com estrutura para acolher com privacidade pessoas do mesmo sexo ou grupo familiar. É previsto para pessoas em situação de rua ou desabrigo por abandono, migração ou ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem condições de auto sustento. O termo Complexo de Acolhimento é definido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, que regulamente as diretrizes que estes locais devem seguir. Esse serviço público é classificado como Alta Complexidade e destinado a atender crianças, adolescentes, adultos, mulheres em situação de violência, deficientes e idosos (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME, 2009). A metodologia do presente trabalho é a análise institucional através da pesquisa participante em que as estudantes promoveram nove encontros na instituição em questão, com o intuito de se aproximar das rotinas do serviço e das especificidades na atuação dos profissionais atuantes. Através da análise institucional realizada foi possível identificar as demandas deste serviço e das estratégias adotadas na atuação dos profissionais que se apresentaram interessados em colaborar com os objetivos propostos pelo grupo. Também foi possível identificar algumas demandas emergentes do convívio dos profissionais com os usuários que acessam a instituição, pensando os modos de subjetivação dessa relação que influencia diretamente na atuação destes profissionais que devem amparar, apoiar e ter escuta sensível. Sendo assim, foi identificado que os profissionais apresentam certos padrões comportamentais e valores morais que influenciam diretamente em sua atuação, pois estigmatizam algumas especificidades dos usuários que acessam o local. Um exemplo a ser citado são os usuários de álcool e outras drogas e pessoas em situação de rua que são vistos enquanto pessoas que não querem se ajudar e que não sairão das ruas. Pensando sobre as formas de subjetivação das pessoas que frequentam a instituição e da convivência que acontece com os sujeitos e profissionais, Mansano (2009, p. 2) afirma que essa produção de subjetividades, da qual o sujeito é um efeito provisório, mantém-se em aberto uma vez que cada um, ao mesmo tempo em que acolhe os componentes de subjetivação em circulação, também os emite, fazendo dessas trocas uma construção coletiva viva. O autor também aponta que é necessário acrescentar que a difusão desses componentes se dá a partir de uma série de instituições, práticas e procedimentos vigentes em cada tempo histórico, e que é nessa dinâmica mutante que os processos de subjetivação vão tomando forma (MANSANO, 2009, p. 2). De uma forma geral, através do presente estudo, foi possível identificar especificidades das demandas do serviço e da atuação dos profissionais com os usuários que acessam, além de identificar questões de preconceito, discriminação e estigmas que permeiam a realidade das pessoas que acessam este serviço. Desta forma, a metodologia adotada propõe uma análise crítica e sensível às singularidades da instituição que foi o objeto central deste estudo.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFApontamentos
- Não há apontamentos.