PRESENÇA DE CINTURA HIPERTRIGLICERIDÊMICA EM ESCOLARES SEGUIDOS POR TRÊS ANOS: O PAPEL DO EXCESSO DE PESO

Náthalie da Costa, João Francisco de Castro Silveira, Aline Lehnhard, Cézane Priscila Reuter, Jane Dagmar Pollo Renner

Resumo


Introdução: A cintura hipertrigliceridêmica (CHT) caracteriza-se pela presença de níveis elevados da circunferência da cintura (CC) e de triglicerídeos (TG). A CHT em crianças e adolescentes tornou-se um marcador importante para as predições de síndrome metabólica e futuros riscos cardiovasculares. No entanto, são escassos os estudos que avaliam o fenótipo de CHT de forma longitudinal, especialmente na população infantojuvenil. Objetivo: Verificar se o fenótipo de CHT está associado com o índice de massa corporal (IMC) e verificar as chances de apresentar o fenótipo de CHT após um acompanhamento de três anos, de acordo com os níveis de IMC em 2011. Método: Estudo longitudinal com 420 escolares de 7a 15anos, de escolas públicas (municipais e estaduais) e privadas, da zona urbana e rural do município de Santa Cruz do Sul/RS, que foram avaliados em 2011 e reavaliados em 2014. A CC foi classificada em baixo ou elevada, de acordo com percentis específicos para sexo, idade e etnia, conforme . Os níveis de TG foram avaliados por meio de amostras de soro e classificados em aceitável/limítrofe ou elevado, de acordo com referência internacional. O IMC foi calculado após avaliação de peso e altura e classificado em peso normal, sobrepeso ou obesidade, conforme referências internacionais específicas para sexo e idade. A presença do fenótipo de CHT foi considerada quando o indivíduo apresentasse, de forma concomitante, níveis elevados de CC e TG. A associação entre CHT e IMC, em cada período, foi testada por meio da regressão de Poisson. Os valores foram expressos em razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC) de 95%. Razões de chances (OR: odds ratio) de apresentar CHT em 2014 de acordo com a classificação do IMC em2011e IC de 95% foram calculados pela razão de sujeitos observados/esperados em uma distribuição randômica. Resultados: Meninos apresentaram maiores níveis de CC em ambos os períodos, enquanto que as meninas apresentaram maiores níveis de TG. Os níveis de CC, IMC e TG aumentaram após um acompanhamento de três anos. No total da amostra, a porcentagem de CC elevada diminui 2,6%, enquanto o sobrepeso/obesidade e TG aumentaram 0,8% e 0,9%, respectivamente. A presença de CHT foi observada em 2,6% da amostra em 2011 e 2,9% em 2014, sendo 8% (IC 95%: 1,02 a 1,14) e 5% (IC 95%: 1,01 a 1,10) mais prevalente em escolares com sobrepeso em 2011 e 2014, respectivamente. Escolares com obesidade apresentaram 11% (IC 95%: 1,01 a 1,23) e 15% (IC 95%: 1,01 a 1,27) maior prevalência de CHT em 2011 e 2014, respectivamente. Além disso, escolares que tinham sobrepeso e obesidade, em 2011, apresentaram 2,55 (IC 95%: 1,14 a 5,70) e 5,45 (IC 95%: 2,26 a 13,17) vezes mais do que o esperado de possuir CHT em 2014, enquanto que aqueles classificados com peso normal tiveram 0,13 (IC 95%: 0,02 a 0,92) vezes mais do que o esperado de possuir CHT em 2014. Conclusão: A presença de CHT foi mais prevalente em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade em ambos os períodos de avaliação. Além disso, os escolares com sobrepeso e obesidade, em 2011, possuíram maiores chances de apresentar CHT após um acompanhamento de três anos. Esses resultados são importantes para indicar a direção de intervenções para prevenir o desenvolvimento precoce do fenótipo CHT e desordens metabólicas relacionadas.


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ISSN 2764-2135