GÊNERO E BIOTECNOLOGIAS: CONSTRUÇÃO DE MOVIMENTOS NO CURRÍCULO DA ÁREA DA SAÚDE

Ana Caroline Holde Pinheiro, Luiza Pessi Rossetti, Deise Micaela dos Santos, Guilherme Mocelin, Analidia Rodolpho Petry, Vera Elenei da Costa Somavilla

Resumo


INTRODUÇÃO: Os profissionais da saúde, de acordo com as normas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988 que regem a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), devem fornecer cuidado eficaz e equitativo a toda a população respeitando os princípios de universalidade, integralidade e igualdade, firmados pela Lei 8080/90. No entanto, o que se observa em locais de atendimento é o despreparo de muitos profissionais acerca das necessidades de cuidados de saúde da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Queers e mais  (LGBTTQ+). Em representativa dessa situação, nota-se a carência de discussões no campo acadêmico sobre questões LGBTTQ+ e o uso de Biotecnologias associadas a assistência. Criam-se, assim, espaços para o preconceito, a imposição de um modelo hegemônico, marcado pela heteronormatividade e para um atendimento inadequado ou insatisfatório para essa população. OBJETIVO: Identificar os movimentos existentes, ou não, acerca da temática gênero e biotecnologias na construção da base curricular dos cursos da área da saúde. METODOLOGIA: Trata-se de um recorte do projeto "Gênero e Biotecnologias - Interfaces entre discursos e instituições na formação de alunos dos cursos da área da saúde". O projeto geral corresponde a uma pesquisa com abordagem descritiva exploratória de cunho qualitativo, realizada com docentes dos cursos de graduação da área da saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul e Universidad Rovira i Virgile campos de Tortosa Catalunha - Espanha. As técnicas e procedimentos para a produção de dados se deram por meio de entrevistas semiestruturadas, onde os dados foram analisados a partir da perspectiva Foucaultiana da análise do discurso. O estudo foi aprovado pelo CEP-UNISC sob o parecer nº 232660. RESULTADOS: Os resultados  permitem identificar alguns indicativos que revelam a heteronormatividade como organizadora da ordem da compreensão das relações sociais e se encontra no cerne das concepções curriculares. A universidade parece se mostrar como instituição fortemente empenhada na reafirmação e na garantia do êxito dos processos de heterossexualização compulsória e de incorporação das normas de gênero, colocando sob vigilância os corpos de todos/as. As Biotecnologias reafirmam essa prática, ofertando possibilidades de enquadrar os sujeitos em modelos fortemente marcados por definições biológicas e anatômicas histórica e culturalmente tidas como norma, produzindo e reiterando a heterossexualidade hegemônica e obrigatória. Diante disso, decorre a importância de tencionar, problematizar e incluir Gênero e Biotecnologia como conteúdo dos currículos da área da saúde de forma singular e efetiva para a construção e  formação de novos profissionais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir da identificação dos movimentos que coexistem com a formação da base curricular dos cursos da saúde, identificou-se que as Instituições de Ensino Superior que abarcam o estudo, se apresentam com fragilidades mediante a discussão de temáticas e biotecnologias voltadas a esaa população e suas características. Para a formação dos profissionais da área da saúde, ter tais conhecimentos provindos de sua formação acadêmica proporciona olhar ampliado e empático, permitindo criar meios de acesso e acolhimento equitativo à população LGBTTQ+.

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ISSN 2764-2135