GÊNERO E BIOTECNOLOGIAS: CONSTRUÇÃO DE MOVIMENTOS NO CURRÍCULO DA ÁREA DA SAÚDE
Resumo
INTRODUÇÃO: Os profissionais da saúde, de acordo com as normas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988 que regem a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), devem fornecer cuidado eficaz e equitativo a toda a população respeitando os princípios de universalidade, integralidade e igualdade, firmados pela Lei 8080/90. No entanto, o que se observa em locais de atendimento é o despreparo de muitos profissionais acerca das necessidades de cuidados de saúde da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Queers e mais (LGBTTQ+). Em representativa dessa situação, nota-se a carência de discussões no campo acadêmico sobre questões LGBTTQ+ e o uso de Biotecnologias associadas a assistência. Criam-se, assim, espaços para o preconceito, a imposição de um modelo hegemônico, marcado pela heteronormatividade e para um atendimento inadequado ou insatisfatório para essa população. OBJETIVO: Identificar os movimentos existentes, ou não, acerca da temática gênero e biotecnologias na construção da base curricular dos cursos da área da saúde. METODOLOGIA: Trata-se de um recorte do projeto "Gênero e Biotecnologias - Interfaces entre discursos e instituições na formação de alunos dos cursos da área da saúde". O projeto geral corresponde a uma pesquisa com abordagem descritiva exploratória de cunho qualitativo, realizada com docentes dos cursos de graduação da área da saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul e Universidad Rovira i Virgile campos de Tortosa Catalunha - Espanha. As técnicas e procedimentos para a produção de dados se deram por meio de entrevistas semiestruturadas, onde os dados foram analisados a partir da perspectiva Foucaultiana da análise do discurso. O estudo foi aprovado pelo CEP-UNISC sob o parecer nº 232660. RESULTADOS: Os resultados permitem identificar alguns indicativos que revelam a heteronormatividade como organizadora da ordem da compreensão das relações sociais e se encontra no cerne das concepções curriculares. A universidade parece se mostrar como instituição fortemente empenhada na reafirmação e na garantia do êxito dos processos de heterossexualização compulsória e de incorporação das normas de gênero, colocando sob vigilância os corpos de todos/as. As Biotecnologias reafirmam essa prática, ofertando possibilidades de enquadrar os sujeitos em modelos fortemente marcados por definições biológicas e anatômicas histórica e culturalmente tidas como norma, produzindo e reiterando a heterossexualidade hegemônica e obrigatória. Diante disso, decorre a importância de tencionar, problematizar e incluir Gênero e Biotecnologia como conteúdo dos currículos da área da saúde de forma singular e efetiva para a construção e formação de novos profissionais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir da identificação dos movimentos que coexistem com a formação da base curricular dos cursos da saúde, identificou-se que as Instituições de Ensino Superior que abarcam o estudo, se apresentam com fragilidades mediante a discussão de temáticas e biotecnologias voltadas a esaa população e suas características. Para a formação dos profissionais da área da saúde, ter tais conhecimentos provindos de sua formação acadêmica proporciona olhar ampliado e empático, permitindo criar meios de acesso e acolhimento equitativo à população LGBTTQ+.
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ISSN 2764-2135