RETRATAMENTO ENDODÔNTICO: SOLVENTES, TÉCNICAS E MEDICAÇÕES

Adriele Padilha de Almeida, Cristian Raul Froemming, João Victor Reis Trindade, Kendra Norma Schaefer, César Rusch, Fernanda Regina Bohn, Amanda Olga Müller, Kathleen Elizabeth Zimmer, Marcia Helena Wagner, Magda de Sousa Reis

Resumo


Introdução: O retratamento endodôntico consiste na realização de uma nova terapia em dentes tratados previamente, devido ao fracasso do anterior ou à necessidade de melhorar o vedamento do sistema de canais radiculares, principalmente de elementos que receberão trabalho protético. Para isso, recomenda-se a reinstrumentação e uma nova antissepsia dos canais radiculares, que favorecem uma obturação compacta e tridimensional. Objetivo: O estudo teve por objetivo identificar os solventes mais preconizados, a técnica da reinstrumentação e os tipos de medicações intracanais recomendados para o retratamento endodôntico. Metodologia: Uma revisão de literatura foi estruturada com busca ativa em bases de dados científicas como Scielo e Portal de Periódicos da Capes. Resultados: Os solventes mais utilizados na atualidade são: Xilol, Eucaliptol e Óleo de Laranja. O Clorofórmio ainda é citado em alguns trabalhos, a despeito do alerta para seu potencial cancerígeno, devendo ser evitado. Todos são utilizados como substâncias químicas auxiliares que agem amolecendo a guta-percha, facilitando a ação dos instrumentos até o forame apical. Há vários estudos revelando o tempo médio (em minutos) para a remoção do material obturador do canal, conforme o solvente. O Xilol mostrou-se mais efetivo em relação aos demais. Na análise da capacidade do solvente remover o material obturador nos diferentes terços do canal, o Eucaliptol, no terço cervical, foi melhor, e, no terço apical, foi o Óleo de Laranja. No terço médio, não houve diferenças entre os solventes. A reinstrumentação dos canais radiculares, ocorre concomitantemente ao seu esvaziamento. Ela é considerada completa quando não há mais evidência de guta-percha no instrumento endodôntico e nas paredes do canal. As raspas de dentina excisadas devem ter coloração clara e o canal radicular, através da sensibilidade tátil, apresentar paredes lisas e forma adequada para nova obturação. Os melhores resultados de reparo pós-tratamento endodôntico ocorrem após o emprego do hidróxido de cálcio. Porém, nos casos de retratamento com envolvimento de infecção secundária persistente, o hidróxido de cálcio pode ser ineficiente, dependendo da vulnerabilidade das espécies da microflora envolvida. Nesse contexto, o E. faecalis, principal microrganismo envolvido nas falhas endodônticas, apresenta-se resistente ao efeito alcalino do hidróxido de cálcio, por manter o pH intracitoplasmático em níveis compatíveis com sua sobrevivência, independente das alterações de pH do meio ambiente. Diante disso, a literatura aponta como alternativa o uso da clorexidina gel a 2%, pois tem superioridade da ação antibacteriana em relação ao hidróxido de cálcio contra o E. faecalis. Conclusão: O uso dos solventes ainda é apontado como facilitador para uma completa remoção do material obturador presente nos canais radiculares. A reinstrumentação ideal é aquela capaz de limpar e remodelar as paredes do canal. E, no que se refere à seleção da medicação intracanal, ainda que largamente utilizado, frente a infecções secundárias e persistentes onde o hidróxido de cálcio é ineficaz, o mais recomendado é o gel de clorexidina a 2%. A observância desses aspectos, associados ao domínio da anatomia e da técnica, contribuirão para elevar o percentual de sucesso diante da indicação de um retratamento endodôntico.


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ISSN 2764-2135