ESTADIAMENTO E TEMPO DE TRATAMENTO DE CASOS DE CÂNCER DIAGNOSTICADOS NO BRASIL EM 2019
Resumo
Introdução: Utilizamos o nome câncer para designar o conjunto de doenças que têm em comum o crescimento desordenado das células e que possui a capacidade de invadir órgãos e tecidos, espalhando-se pelo corpo, gerando metástases. A possibilidade de se espalhar pelo corpo dificulta o processo de tratamento, sendo que, o diagnóstico precoce, quando o câncer ainda está em estágio inicial, aumentam as chances de cura e tornam o tratamento menos invasivo. O câncer in situ, ou câncer não invasivo (essa nomenclatura não se aplica a cânceres sanguíneos) é o primeiro estágio da doença, quando as células se encontram no tecido que se desenvolveram e ainda não atingiram tecidos vizinhos. Grande parte dos cânceres nesse estágio, se forem tratados rápido e adequadamente, têm altas chances de cura. Já o câncer invasivo, ou quando já é possível perceber células cancerosas em tecidos vizinhos àquela que a originou, sistema sanguíneo ou linfático, pode tornar o tratamento mais difícil e invasivo, ainda que sua cura não esteja descartada. Independente da fase detectada, é necessário a realização do estadiamento, que vai representar, entre outros aspectos, a extensão e a expansão da doença, para que o oncologista possa planejar o tratamento a ser realizado. Objetivo: verificar o estadiamento dos diagnósticos oncológicos brasileiros realizados em 2019 e verificar se há correlação com o tempo de tratamento. Metodologia: foi realizada pesquisa a partir de dados secundários disponíveis na plataforma do Datasus. Resultados: a partir dos dados coletados é possível perceber que, dentre os 517.533 casos de câncer registrados em 2019, cerca de 76% não possuem dados sobre o estadiamento da doença e, aproximadamente, 48% não trazem dados sobre os tratamentos realizados. A classificação quanto aos estágio da doença varia de 01 a 04, em um grau crescente conforme desenvolvimento. Dos dados registrados, 75.685 casos encontram-se em grau 03 e 04, mostrando uma detecção em fase avançada da doença, enquanto que 41.713 casos foram diagnosticados nas fases 01 e 02. Com relação ao tempo de tratamento, os tumores detectados em estágio 01 e 02, cerca de 15% foram tratados em até 30 dias, 24% de 31 a 60 dias e 61% tiveram a duração do seu tratamento acima de 61 dias. Já aqueles diagnosticados em fase 03 e 04, os que foram tratados em até 30 dias representam 22%, de 31 a 60 dias de tratamento foram cerca de 25% e acima de 61 dias, 51% dos casos. Considerações: Através dos dados é possível perceber que grande parte dos diagnósticos têm sido realizados em fase mais tardia. Como a detecção precoce de uma neoplasia é importante para aumentar as chances de cura, mostra-se relevante desenvolver estudos para compreender os motivos associados a esse comportamento. Com relação ao tempo de tratamento, eles mostraram-se pouco distintos nas fases de estágio do câncer, entretanto, não podemos ignorar a quantidade de dados incompletos que dificultam uma análise mais aprofundada. Além disso, não é possível aferir sobre os tipos de câncer, que podem influenciar na duração do tratamento, já que cada um tem suas características e curso para ocorrer. Salienta-se a importância de estudos na área da oncologia a fim de melhorar os serviços prestados, a qualidade de vida do usuário e as informações contidas em bancos de dados.
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ISSN 2764-2135