DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS REABSORÇÕES DENTÁRIAS EXTERNAS INFLAMATÓRIAS
Resumo
Introdução: As reabsorções dentárias são processos, geralmente patológicos, que causam grande perda estrutural dos dentes, levando até a perda do mesmo. Elas podem ocorrer na superfície interna, externa ou em ambas, mediadas pela ação de células clásticas que degradam a estrutura após o reconhecimento do sistema imune. Processos inflamatórios, desencadeados por traumatismo dentário, clareamento interno, trauma oclusal, lesão periapical, inclusive tratamento ortodôntico, podem induzir a morte de células importantes para a manutenção da integridade do dente, como é o caso dos cementoblastos (responsáveis pela proteção da superfície externa) que, quando ausentes, deixam a dentina exposta à ação do sistema imune. Objetivo: Aprimorar o entendimento no que tange o mecanismo de desenvolvimento, o diagnóstico precoce e o tratamento ideal para os casos de reabsorções dentárias externas inflamatórias. Metodologia: Para a realização desta revisão de literatura foi utilizado base de dados científicos (Scielo, PubMed, Portal de Periódicos da Capes), livros de Endodontia (disponíveis no acervo da Universidade de Santa Cruz do Sul) e revistas científicas da Odontologia (Journal of Endodontics, International Endodontic Journal). Resultados: A fundamentação teórica aponta que a reabsorção externa pode ocorrer a nível apical ou cervical, iniciada por um processo inflamatório que reduz o potencial hidrogeniônico da região, inviabilizando a sobrevivência dos cementoblastos. O sistema imunológico, que já está no local combatendo a inflamação, pode identificar a dentina desprotegida e entender que a causa da inflamação está vinculada a ela, quando na realidade pode ter sido uma contaminação do canal que levou a uma periapicopatia, uma movimentação ortodôntica excessiva que traumatizou o periápice, um traumatismo dentário em si, entre outras causas potencialmente inflamatórias. As reabsorções dentárias são assintomáticas, portanto um exame clínico direcionado e auxiliado por exames complementares podem diagnosticar essas patologias. Existem alguns fatores que indicam que está ocorrendo ou poderá ocorrer uma reabsorção: relato de algum histórico ou evidência clínica de traumatismo alveolodentário (escurecimento coronário, fraturas/trincas, metamorfose cálcica da polpa, necrose pulpar asséptica com lesão periapical crônica); morfologia radicular triangular; raízes com menos de 1.6 vezes a altura da coroa; ápices em forma de pipeta; ápices com dilaceração; cristas ósseas alveolares retangulares; áreas de densidade óssea aumentada; extensos movimentos dentários; mecânicas intrusivas; corticais mais densas; dentes clareados internamente; dentes em trauma oclusal por longos períodos; dentes vizinhos a dentes não irrompidos. A partir do diagnóstico e da identificação do fator causal, estabelece-se um tratamento para cada caso específico, por exemplo: o tratamento endodôntico, quando a causa for relacionada à periapicopatia; ajuste oclusal, quando a causa for trauma oclusal; redução das forças ortodônticas, quando a causa for este tratamento. Conclusão: Sabendo que as reabsorções não apresentam sintomatologia, faz-se necessário compreender o mecanismo de desenvolvimento das reabsorções dentárias bem como diagnosticar os fatores preditivos desta patologia. O reflexo de diagnóstico e tratamento não adequados pode ser a perda do elemento dentário, por outro lado um diagnóstico e tratamento precoce pode levar à manutenção da funcionalidade do dente por um longo período.
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ISSN 2764-2135