ESCOLA COMO ESPAÇO DE IDENTIFICAÇÃO DAS DEMANDAS EM SAÚDE NO CONTEXTO DA ADOLESCÊNCIA
Resumo
A escola é um ambiente privilegiado para ações em saúde, sendo um importante espaço de socialização, de aprendizado e de discussões de temáticas da vida cotidiana. Além disso, configura-se como um lugar de surgimento das demandas de saúde da população jovem, devido ao convívio e ao vínculo estabelecido entre adolescentes e os profissionais da educação. Nessa perspectiva, o Programa de Saúde na Escola (PSE) foi criado com o propósito de promoção e de prevenção no campo da saúde integral dos escolares, tendo em vista a intersetorialidade dos serviços de educação e de saúde para melhor responder as demandas dos territórios. Nesse âmbito, a pesquisa ?Narrativas de adolescentes sobre drogas e os Serviços de Saúde Mental CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul? objetivou entender os sentidos produzidos por adolescentes escolares sobre a questão da droga, bem como compreender as percepções e demandas das escolas em relação à temática. Em cada escola visitada foram realizados três grupos focais com os adolescentes e uma entrevista semiestruturada com as equipes diretivas, utilizando-se da pesquisa-intervenção como metodologia. A análise dos dados baseou-se na produção de sentidos de Mary Jane Spink. Esse recorte advém da escuta de seis equipes diretivas de diferentes escolas do município. Identificou-se que, para além da preocupação das escolas com a questão do uso de drogas, existem demandas importantes referentes a outras temáticas de saúde do adolescente. Quando se sentem acolhidos pelos professores, os jovens compartilham suas vivencias. Ao criar um espaço de escuta, questões pertinentes à adolescência são abordados pelos escolares. Temáticas como automutilação, suicídio, sexualidade, bullying, emergem nesses diálogos, conforme mencionado pelos profissionais. Visto a pertinência dessas questões, considerando a escassez de ações de promoção em saúde realizadas nas escolas pelos setores sanitários, emerge a necessidade de olhar para a saúde integral do adolescente dentro do espaço escolar. De acordo com estudos recentes, a escola pode ser considerada como um espaço privilegiado de intervenções e de acesso ao público adolescente. A carência de ações de promoção em saúde por parte dos setores sanitários, pela dificuldade relacional intersetorial, finda por impor aos professores a necessidade de abordar as temáticas em sala de aula. Assim, a relação entre professores e alunos inclui a promoção de saúde por meio da prática de ensino, quando discute e problematiza temáticas elencadas pelos jovens escolares. As instituições educacionais demostraram preocupação com os alunos e expressam a necessidade de parcerias com os serviços de saúde para a promoção da saúde e prevenção de agravos na vida dos adolescentes. A comunicação e articulação entre os setores responsáveis pelo cuidado do jovem escolar podem promover ações mais eficazes, ao encontro das demandas que emergem na vivência singular da adolescência.
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ISSN 2764-2135