REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NA MÍDIA: O SERIADO MALHAÇÃO COMO CAMPO DE ANÁLISE

Caroline Rosa Aquino, Diéssica Rocha de Carvalho, Stéfanni Vargas Silveira, Débora Larissa de Camargo, Betina Hillesheim

Resumo


Na tentativa de compreender de que forma as representações de gênero e sexualidade são produzidas na mídia brasileira direcionada ao público adolescente, o presente estudo analisou o seriado televisivo ?Malhação?, da emissora Rede Globo, transmitido desde 1995. Acredita-se que a mídia tem um importante papel social ao difundir informações sobre variados temas e, ainda, provocar discussões sobre esses. Além disso, a mídia, seja impressa ou digital, consegue apresentar diferentes realidades culturais e sociais em suas publicações ou transmissões. Percebeu-se que as produções referentes à adolescência e mídia é consideravelmente recente, tanto entre o senso comum como entre meio científico, uma vez que, no Brasil, esse debate só se intensificou com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, no ano de 1990. Com o recorte de tema sobre o seriado Malhação, objetivou-se realizar uma análise discursiva sobre as representações de gênero e sexualidade produzidas para o público jovem. Como metodologia, os Estudos Culturais, articulados com os Estudos Feministas de uma perspectiva pós-estruturalista, embasaram as análises. Entende-se, assim, a cultura como práticas de significação. Como material de investigação foram escolhidas três temporadas do seriado, dos anos de 1999, 2017 e 2019. Além disso, o estudo optou por abordar os aspectos teóricos e descritivos através da elaboração de três eixos temáticos, considerados marcadores centrais para a discussão pretendida: corpo feminino, sexualidade feminina e orientação sexual. Primeiramente foi realizada uma seleção de cenas que apresentassem a temática relacionada aos marcadores propostos. Após isso, houve uma descrição das cenas e uma correlação destas com a fundamentação sobre as temáticas. No decorrer da análise das cenas foi observado que em todos os eixos houve mudanças nas representações abordadas por cada temporada. De modo geral, a temporada de 1999, se comparada com as demais, trouxe as noções mais conservadoras direcionadas às temáticas (com conceitos tradicionais sobre formação familiar, tradições e modos de ser em geral), como o corpo feminino e sexualidade, enquanto outras questões apresentaram diálogos mais amplos. Em relação às questões de orientação sexual, em 1999 não houveram representação em torno da temática, fato que comprovou o quanto esse debate é recente e, ainda que apareça na temporada de 2019, coloca-se de maneira moderada na mídia televisiva. Ainda na temporada de 2019, o debate sobre primeira relação sexual, também retratada em 1999, voltou a ser tema sobre o que é aceito socialmente sobre a sexualidade feminina. Percebe-se que as discussões acerca do corpo feminino estiveram presentes nas três temporadas, desde diálogos sobre os direitos femininos até a aceitação do corpo fora do padrão publicitário. Foi possível perceber que os fenômenos que envolvem as temáticas abordadas neste estudo, tiveram grande influência nas representações dos enredos das temporadas 2017 e 2019 de Malhação, fato que torna de grande valia o estudo mais aprofundado acerca desse período. Frente a isso, infere-se que a produção de sentidos sobre a adolescência na mídia não foi sempre a mesma, tratando de temas, ao longo dos anos, de acordo com aspectos sociais e políticos da época da transmissão.


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ISSN 2764-2135