IMPACTOS DA PANDEMIA DE SARS-COV-2 NA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DE CÂNCER DE COLO UTERINO NA POPULAÇÃO ADULTA: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS EM SANTA CRUZ DO SUL

Henrique Ziembowicz, Irene Souza, Jordana Vargas Peruzzo, Eduarda Rebés Müller, Juliana da Rosa Wendt, Stefanie Schmidt, Gabriela da Luz Ceolin, Camilo Darsie de Souza

Resumo


Em uma primeira aproximação ao tema, seria correto afirmar que o câncer de colo uterino é caracterizado pela replicação celular desordenada e pelo comprometimento tecidual do órgão. Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, ambas causadas pela infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano: o carcinoma epidermóide representa noventa por cento dos casos, e o adenocarcinoma corresponde ao restante dos casos. O exame de rastreio de lesões pré-cancerosas e cancerígenas em estágio precoce do colo uterino é conhecido por teste de Papanicolau ou citopatológico cérvico-vaginal e consiste na coleta amostral de células para análise em laboratório de Anatomia Patológica. O Instituto Nacional de Câncer preconiza que toda mulher que tem ou já teve atividade sexual realize o exame Papanicolau anualmente e, após dois exames consecutivos sem alterações, trienalmente. Assim, evidencia-se, na atenção primária à saúde, a importância do teste de Papanicolau como ferramenta na prevenção secundária de câncer de colo uterino. Políticas públicas e este escrito, justificam-se e desvelam a sua importância devido à alta mortalidade deste tipo de câncer. O intento deste escrito foi de estimar os impactos da pandemia na realização dos exames preventivos de papanicolau na população adulta de Santa Cruz do Sul, a partir de dados de livre acesso. Para tal intento, dados foram coletados a partir do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) por meio do Ministério da Saúde do Brasil. Na mesma esteira, os dados coletados concernentes aos exames citopatológicos realizados nos anos de 2019 a 2021 na população adulta do município de Santa Cruz do Sul foram analisados de forma quantitativa. O número resultante corresponde a: 5.401 testes realizados em 2019, 2.844 testes realizados em 2020 e 1.483 testes realizados em 2021 (dados analisados somente até o mês de abril deste ano). A média mensal de exames citopatológicos realizados no ano de 2019 foi de 450,9 exames. No ano subsequente, esse número foi de 232,5. Nos quatro primeiros meses de 2021, a média aumentou para 370,75. Comparando os meses de maior adesão ao rastreio por ano: abril de 2019 apresenta 861 exames citopatológicos realizados, maio de 2020 apresenta 539 exames realizados e fevereiro de 2021 apresenta 727 exames realizados. Entre os três anos analisados, 2020 foi o ano com a menor quantidade de exames coletados mensalmente, apresentado 66 testes em junho, 89 testes em novembro e 97 testes em setembro. A maior queda proporcional foi entre os semestres de 2020, o primeiro semestre registrou 2.116 exames realizados, enquanto o segundo contabiliza 728. Assim, a proporção de diminuição é, aproximadamente: 65%. O contexto pandêmico iniciado em 2020 interliga-se e conclui na diminuição no número absoluto de exames citopatológicos coletados: o risco de contágio por covid foi o principal fator desta redução. Dessa forma, é necessário elaborar e reforçar políticas públicas de educação em saúde sobre a importância do rastreio por meio do exame citopatológico. No cenário atual, o advento da vacinação contra SARS-CoV-2 e o maior controle da pandemia permitem a reabertura dos serviços de saúde, sendo essencial estimular a procura por esses exames a fim de aumentar a detecção precoce de câncer de colo uterino.

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ISSN 2764-2135