DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE FORMULAÇÕES FITOCOSMÉTICAS DE USO TÓPICO CONTENDO ÓLEO ESSENCIAL DE MELALEUCA (MELALEUCA ALTERNIFOLIA)

Júlia Leão, Arlete Teresinha Klafke, Jocelene Soares

Resumo


Nas últimas décadas observou-se uma mudança de hábitos pelos consumidores, que estão mais preocupados com a sua saúde e a do planeta, adeptos a um estilo de vida mais sustentável e interessados em produtos cosméticos de origem natural, com fórmulas minimalistas, que não contenham ativos de fontes não renováveis e que também não sejam testados em animais. Para isso, a indústria cosmética vem se adaptando e ampliando seus investimentos para atender às expectativas deste consumidor. Os fitocosméticos são cosméticos que contêm substâncias de origem vegetal como seu princípio ativo, como um óleo essencial (OE). Um óleo essencial com potencial aplicação em produtos fitocosméticos é o óleo essencial de Melaleuca (OEM). A incorporação de óleos essenciais em formas farmacêuticas ainda é um desafio farmacotécnico devido à sua volatilidade, solubilidade e estabilidade. Além disso, a adição de OE em formulações pode gerar diversas incompatibilidades com os componentes da formulação, resultando em instabilidades físico-químicas. Assim, o objetivo do trabalho foi desenvolver e avaliar aspectos físico-químicos e microbiológicos de formulações fitocosméticas de uso tópico contendo óleo essencial de Melaleuca (Melaleuca alternifolia), onde pretende-se através da condução de estudos de estabilidade preliminar e acelerada, determinar a viabilidade da incorporação do OEM na obtenção de formas farmacêuticas semissólidas (emulsão O/A e oleogel) para uso tópico. A composição do OEM foi caracterizada através de Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (GC-MS) do OEM puro e extraído das formulações após testes de estabilidade. As formulações desenvolvidas foram submetidas a testes físico-químicos, de estabilidade e microbiológicos. A emulsão apresentou sinais de instabilidade e variação de pH significativas após submissão aos testes de estabilidade por ciclo gela-degela (p=0,003) e acelerada (p=0,02), separando de fases ao fim do estudo. O oleogel se manteve estável, sem variações significativas em suas características organolépticas e pH (p>0,05). Ambas formulações atenderam aos critérios de aprovação para avaliação microbiológica. Obteve-se teor superior a 30% do marcador do OEM, terpinen-4-ol, conforme a ISO-4730, para a amostra do OEM puro e após extraído das formulações submetidas aos testes de estabilidade. Para o OEM extraído da emulsão, pode-se perceber uma diminuição da concentração de gamma-terpinene e um aumento na concentração de terpinen-4-ol, onde a possível hidrólise deste composto pode estar relacionada com a redução dos valores de pH observados nesta formulação durante o estudo de estabilidade acelerada. Conclui-se que foi possível incorporar o OEM em diferentes formas farmacêuticas semissólidas para uso tópico, porém, a submissão das formulações aos testes de estabilidade acelerada e estabilidade preliminar por ciclo gela-degela alteraram significativamente as características organolépticas e o pH da emulsão, que devido a sua alta concentração de fase aquosa favoreceu também o processo de hidrólise do OEM, alterando sua composição. Os resultados obtidos se mostram promissores para o desenvolvimento de formas farmacêuticas semissólidas utilizando matérias-primas de origem natural ou orgânica certificada, de forma minimalista, com a incorporação do OEM.

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ISSN 2764-2135