COMPLICAÇÕES SECUNDÁRIAS À INTOXICAÇÃO POR EUPHORBIA PULCHERRIMA: RELATO DE CASO

Maickel Cavalheiro Greiner, Gabriela Henckes Weber, Clara Elis Muller Bettin, Daiane Thozeski, Andreas Kohler

Resumo


A intoxicação de felinos por plantas ornamentais é menos frequente que a incidência de doenças infecciosas e, por isso, ainda é pouco documentada, entretanto, seus sinais clínicos não são patognomônicos, ocasionando diagnósticos imprecisos ou errôneos. A Euphorbia pulcherrima, também conhecida como Bico-de-papagaio ou Flor de Natal, é uma planta comum em ambientes familiares, capaz de causar desde dermatites de contato até alterações gastroentéricas, propiciando condições favoráveis à instalação de patologias secundárias, sendo a lipidose hepática e a colangite-colangiohepatite as afecções hepáticas mais comuns em felinos. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver, a partir de um relato de caso, um estudo sobre a patofisiologia das principais doenças hepáticas secundárias à intoxicação por E. pulcherrima em um felino. O referencial teórico teve como base as bibliografias disponíveis sobre o assunto e os dados referentes ao quadro de intoxicação foram obtidos a partir de um atendimento no centro veterinário Bicho Mania, localizado em Venâncio Aires, Rio Grande do Sul. Trata-se de um felino macho, de 6 anos de idade, castrado, sem raça definida, apresentando sinais clínicos inespecíficos de vômito, apatia, anorexia e icterícia, após a ingestão de E. pulcherrima há dois meses. Foram realizados exames complementares na procura de alterações secundárias, os quais indicaram a suspeita de lipidose hepática ou de colangite-colangiohepatite, sendo necessária a confirmação diagnóstica através de biópsia hepática, a qual não foi autorizada pelo tutor. A lipidose hepática pode ocorrer devido à anorexia ou estresse, que ocasiona o aumento no acúmulo de triglicerídeos intra-hepáticos, prejudicando a função dos hepatócitos e fazendo com que a taxa de deposição de gordura torna-se maior que a de mobilização. Já a colangite-colangiohepatite, consiste na inflamação dos ductos biliares com envolvimento secundário dos hepatócitos adjacentes. Esse processo é causado por uma infecção bacteriana ascendente originária do intestino, devido a uma alteração anatômica que os felinos possuem. Sem um diagnóstico definitivo, o animal foi tratado de forma paliativa com hepatoprotetores, ácidos biliares, antibióticos, suplementos alimentares e restabelecimento da dieta. Após sete dias, o felino retornou ao consultório, sendo possível observar uma melhora significativa, porém, encontrava-se levemente ictérico, necessitando dar continuidade ao tratamento. Neste contexto, a realização da biópsia hepática e o estudo aprofundado da patofisiologia da lipidose hepática e da colangite-colangiohepatite secundárias à intoxicação por E. pulcherrima são de suma importância na instauração de uma terapia adequada, favorecendo o prognóstico do paciente.


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ISSN 2764-2135